Sem sombra de dúvida o recado da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), transmitido pelo secretário-geral dom Odilo Pedro Scherer, no lançamento da Campanha da Fraternidade 2006, sobrepujou em reverberação tudo quanto disseram até aqui políticos da oposição e demais críticos do governo Lula.
Dom Odilo, entre outras referências, afirmou que o Brasil desenhado pela administração atual transformou-se num ?paraíso financeiro? e, pior, o modelo de gestão posto em prática nos últimos três anos não conseguiu diminuir o desequilíbrio socioeconômico que, historicamente, divide o País em inúmeras classes.
A fala do secretário-geral da CNBB, seguida no dia seguinte pela manifestação de dom Geraldo Agnelo, arcebispo primaz do Brasil, e outros prelados nos lançamentos locais da campanha, como o fez dom Cláudio Hummes, líder espiritual da poderosa Arquidiocese de São Paulo, decerto não teve o teor preferido pelo presidente da República e seus auxiliares diretos.
Não adianta sacar a desculpa esfarrapada da injustiça das críticas da hierarquia católica, porquanto o manancial oferecido pela cúpula administrativa do País chega a tornar amenas as considerações emitidas pela igreja em relação à inclusão social, distribuição da renda, geração de empregos e reforma agrária.
Não apenas dom Odilo, mas a maioria do povo brasileiro, com exceção daqueles bem-aventurados que obtiveram lucro exorbitante, como os grandes bancos, clamam por imediata revisão da política econômica conduzida pelo ministro Antônio Palocci, cujos principais sustentáculos são o Banco Central, o Tesouro Nacional e a Receita Federal.
Numa homilia bastante inadequada se outro fosse o contexto, dom Odilo aproveitou para defender a redução dos juros como fator primordial para a retomada do desenvolvimento com geração de empregos e melhoria da qualidade de vida para milhões de pessoas.
Mais humano que a distribuição de bolsas-família, remédios básicos e vagas nas universidades públicas, metas que seriam melhor dignificadas com trabalho e salário condizente.
