Mesmo com o foco momentaneamente desviado para o debate sobre a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), prossegue como um desses intermináveis e xaroposos folhetins televisivos o caso do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que renovou a licença da presidência do Senado por mais 45 dias.
O Conselho de Ética do Senado aprovou na semana passada o parecer do relator Jefferson Peres (PDT-AM), pedindo a cassação do mandato de Renan por quebra de decoro, com base nas evidências factuais da compra de duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas, com a interveniência de testas-de-ferro, mais conhecidos como laranjas.
Agora, a CCJ aprovou também o envio do relatório do senador amazonense ao plenário, ao ratificar que o documento não comete o menor deslize ao ser confrontado com a Constituição. O relator da matéria na CCJ foi o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).
Segundo o entendimento dos próprios senadores, a matéria deverá ser votada pelo plenário na próxima quarta-feira, e embora Renan prossiga jurando que é inocente, enfrentará pela segunda vez o julgamento de seus pares. Absolvido na vez anterior, o alagoano deverá enfrentar uma conjuntura menos favorável pelo volume de ressentimentos que acabou provocando.
Nos bastidores, Renan passou a ser peça importante na aprovação da CPMF, na qual o governo está apostando todas as fichas. Se o PT votar pela absolvição, a tropa de choque renanzista irá ao extremo do sacrifício para garantir a aprovação do imposto do cheque. É a conversa nos imensos corredores do Senado.
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