O Supremo Tribunal do Japão ordenou o governo de Hiroshima a pagar despesas médicas atrasadas de três japoneses que sobreviveram ao ataque americano com bomba atômica em 1945 e foram privados do benefício porque se mudaram para o Brasil. O Supremo manteve a decisão da Suprema Corte de Hiroshima de fevereiro do ano passado ordenando o governo local a pagar o equivalente a cerca de R$ 50 mil a cada um como compensação por despesas médicas não quitadas, anunciou o porta-voz do tribunal, Rie Ueda.
Os homens – Shoji Mukai, Teruo Hosokawa e Mitsugu Horioka, hoje perto dos 70 anos – se mudaram para o Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Atualmente vivem na cidade de São Paulo. Eles só recebiam atendimento médico e restituições quando visitavam ocasionalmente o Japão. Quando voltavam para o Brasil, os pagamentos eram suspensos, levando os três sobreviventes a entrar com um processo em 2002. "A decisão não é uma surpresa", disse Hosokawa, em São Paulo, à rede pública japonesa NHK. "O país nos discriminou injustamente porque vivemos no exterior, apesar de sermos vítimas da bomba atômica como os outros.
O Japão é o único país que já sofreu ataques com bomba atômica. Os EUA jogaram em agosto de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, um artefato sobre Hiroshima e outro sobre Nagasaki. Estima-se que 120 mil pessoas morreram instantaneamente e cerca de 260 mil sobreviveram aos ataque – 4 mil dos quais vivem hoje no exterior. Sobreviventes desenvolveram várias doenças em conseqüência da exposição à radiação, como câncer e problemas no fígado.
Sobreviventes oficialmente reconhecidos vivendo no Japão têm o direito a um auxílio mensal equivalente a até R$ 2,5 mil, exames médicos gratuitos e, eventualmente, despesas funerárias. Sobreviventes no exterior foram excluídos dos benefícios até uma mudança na política governamental em 2003.