Hanseníase deve ter índices ainda menores no Paraná

Reduzir o índice de hanseníase abaixo de um caso para cada grupo de 10 mil habitantes no Paraná e nos Estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste é a meta que o Ministério da Saúde pretende atingir nos próximos anos. A declaração é do diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Expedito Luna, que participa da ?II Reunião Macrorregional Centro-Sul de Avaliação do Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase?, que o Ministério está realizando em Curitiba em conjunto com a Secretaria estadual da Saúde. O encontro termina nesta sexta-feira (15).

?O combate à hanseníase no Paraná tem que ser feito com base em dados reais, de acordo com a realidade de cada município?, afirmou o diretor do Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná (antigo Hospital São Roque), Antonio Cleudo Lopes, representando o secretário da Saúde, Cláudio Xavier. O Paraná deverá alcançar o índice de um caso de hanseníase para cada grupo de 10 mil habitantes até o final deste ano, que é a mesma meta do Ministério da Saúde. Atualmente, o Estado está com o índice de 1,59 para cada grupo de 10 mil habitantes.

Planejamento

Segundo Antonio Cleudo Lopes, a avaliação correta de cada município, através do Programa Saúde da Família (PSF), da rede de saúde e dos outros cuidados, dará toda a atenção à hanseníase. Disse que a reorganização das epidemiologias é algo muito promissor. ?Não basta apenas esforço. É preciso também planejamento. E é o que está sendo feito, com a equipe organizada e afinada. Assim, os frutos devem aparecer em muito pouco tempo?, comentou.

O diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Expedito Luna, disse que nos últimos vinte anos houve um grande avanço na redução, eliminação e erradicação das doenças epidemiológicas. Mas a tuberculose e a hanseníase não tiveram o mesmo sucesso. ?Algo deu errado. Cinqüenta mil novos casos são notificados no Brasil a cada ano. Numa conjuntura política mais favorável, o programa foi reformulado e os erros corrigidos?, comentou.

Neste sentido, está sendo feito um esforço para aprimorar a qualidade da informação e descentralizar o diagnóstico. ?O diagnóstico não é só um assunto do especialista. É também do médico da família. Agora, até médicos generalistas estão fazendo o diagnóstico com propriedade?, observou Expedito Luna.

Heterogênea

Segundo Luna, a situação da hanseníase no país é muito heterogênea. Os menores índices estão nas regiões Sul e Sudeste. Mas devem ser melhorados. ?Temos que chegar a menos de um por 10 mil habitantes e acabar de vez com essa doença no país?, afirmou. ?O Estado do Mato Grosso e o Norte do país ainda apresentam muitos casos. Só na cidade do Recife, no ano passado, houve mais de mil casos. É uma situação muito grave?, alertou o diretor do Ministério da Saúde.

Expedito Luna afirmou que a linha atual em relação à hanseníase no país é correta e não deve ser modificada com o novo ministro da Saúde, José Saraiva Felipe. ?Também a atuação das organizações não-governamentais e dos artistas que as apoiam é importante?, ressaltou. ?A capacidade de trabalho que foi demonstrada em relação às outras doenças transmissíveis deve ocorrer também em relação à hanseníase e à tuberculose?, acrescentou.

O objetivo da II Reunião Macrorregional Centro Sul de Avaliação do Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase é manter o monitoramento das ações contra a doença, de forma a avaliar resultados, identificar necessidades e propor novas atividades que garantam continuidade ao programa.

Do encontro participam consultores dos grupos-tarefa do Paraná, representantes das secretarias estaduais de Saúde do Centro Sul e dos municípios com maiores índices de prevalência de hanseníase na região. Também estão presentes ONGs de apoio e voluntários do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan).

A doença

A hanseníase é uma doença infecciosa causada por um micróbio, o Mycobacterium leprae. Ele ataca a pele e os nervos, principalmente dos braços e das pernas. A transmissão ocorre apenas por meio de contato com pacientes não-tratados. O tratamento dura cerca de um ano e o paciente não precisa ficar internado, porém não pode deixar de se tratar.

Já na primeira dose do medicamento 90% dos bacilos são eliminados e a doença deixa de ser transmitida. Todos os municípios do Paraná têm acesso gratuito ao tratamento. A hanseníase tem cura, por isso é importante que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível.

O Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase adota como principal estratégia a integração das ações de diagnóstico e tratamento da doença na atenção básica. Deste modo, as equipes do Programa Saúde da Família (PSF), Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e todas as unidades do Sistema Único da Saúde (SUS) passam a integrar a rede de atendimento ao paciente, facilitando o acesso universal ao diagnóstico e tratamento.

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