São Paulo (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje, em entrevista a emissoras de rádio, que os partidos de oposição fazem críticas mais fortes ao governo do que a base parlamentar, incluindo o PT. Segundo Lula, "tem gente séria na oposição" que quer apurar as denúncias de irregularidades, mas há quem queira "esticar a corda".
"Tem gente que defende que, quanto pior, melhor", afirmou o presidente da República." Ele foi vago, ao responder sobre a possibilidade de que surja um "azarão" na disputa eleitoral de 2006.
"A pessoa que ganha nunca será azarão", respondeu, evitando nomes. Lula citou a própria história política, lembrando que foi para o segundo turno na eleição presidencial de 1989 contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello, e os concorrentes eram então pesos pesados, como o governador de São Paulo, Mário Covas, o deputado Ulisses Guimarães e o vice-presidente Aureliano Chaves.
"Peço a Deus que o povo escolha sempre o melhor, que faça o melhor por ele", afirmou, defendendo, em seguida, a administração federal.
O presidente disse que os compromissos que assumiu "estão de pé". "Alguns deles com mais dificuldades, outros, sem nenhuma dificuldade", completou, em resposta a uma pergunta sobre a continuidade de obras na Região Norte, particularmente, a Rodovia BR-163, que liga Belém a Cuiabá. De acordo com Lula, a rodovia é "extremamente sensível" porque "quase todos os ambientalistas do mundo estão de olho no que vai ser feito". "Eu tenho conversado com o ministro (dos Transportes), Alfredo Nascimento, tenho conversado com a ministra (do Meio Ambiente), Marina (Silva), e nós precisamos encontrar um senso comum para que possamos fazer a BR-163 sem causar prejuízos ambientais que em outras estradas foram causados em outros anos. É uma estrada extremamente sensível e nós queremos fazer porque ela é muito necessária para a região Norte do Brasil; ela é extremamente necessária", afirmou. Conforme o presidente, "pode demorar um pouco mais", mas a obra será feita como uma "rodovia exemplar entre o desenvolvimento de uma região e a preservação ambiental". Sobre a construção da eclusa de Tucuruí, Lula reiterou a obrigação de construí-la. "Assumi o compromisso de fazer a eclusa, foi colocado dinheiro no PPI, de repente, houve uma divergência no preço da eclusa", disse, negando que o Poder Executivo não tenha destinado dinheiro para a construção.
"Na próxima semana, vamos convocar o ministro (dos Transportes), Alfredo Nascimento; possivelmente, convoquemos a empresa para saber porque houve essa diferença de preços", afirmou.
Lula afirmou que a prorrogação do prazo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios para abril tem um "componente político muito forte". O presidente declarou que a instauração deste tipo de comissão, historicamente, é um procedimento oposicionista e já foi dito pelas legendas adversárias que há a intenção de levar as investigações para próximo do período eleitoral, com o intuito de enfraquecer o Executivo.
"O que nós entendemos é que a CPI dos Correios poderia ser adiada por mais um mês. Mas, quando a CPI pede o adiamento dela até abril, no nosso entendimento, tem um componente político muito forte, já dito pelos nossos adversários", acredita.
"O que disseram os nossos adversários do PFL e do PSDB? Que eles querem fazer o governo sangrar até as eleições", lembrou. Lula destacou que preferiria o encerramento da CPI ainda este ano para a aceleração das aprovações de projetos e medidas importantes para o País pelo Congresso, como a Medida Provisória (MP) 258, que criaria a Super-Receita.
O presidente ressaltou, entretanto, que deseja uma apuração rigorosa dos fatos e que a CPI "preste contas" dos trabalhos para que ela foi criada.