"É muito difícil ser BC no governo do PT". A frase foi dita hoje (1) pela manhã pelo ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, ao elogiar a atuação da equipe do atual presidente, Henrique Meirelles. Bem humorado, ele disse que viu ontem (31) o líder do governo do Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), criticando a política monetária e acreditou que "estava numa máquina do tempo", vendo o senador criticá-lo, como fazia em 95. "Tive até pesadelo de noite. Era ele falando contra o BC e, agora, ele é do governo", ironizou.
Segundo Franco, a credibilidade do BC fica "atrapalhada" por existir "elementos exteriores ao BC", mas do governo, "solapando" sua atividade. "Hoje, o BC é mais cauteloso, mas está dentro de um governo que é constantemente hostil ao BC", afirmou, referindo-se a "setores do governo" que criticam abertamente decisões do atual comando do banco. Nesse sentido, Franco é contra mudanças na meta de inflação para 2006, porque provocaria perda da credibilidade que o Banco Central "duramente conquistou".
Ao comentar o resultado do PIB do 1º trimestre deste ano Franco disse que a desaceleração veio "mais ou menos" dentro do esperado e dentro da expectativa do mercado e do governo de que a expansão de 2005 será menor do que a do ano passado. Ele prevê crescimento de 3% para o ano, ponderando, no entanto, que o crescimento depende de reformas estruturais que não dependem diretamente da taxa de juros, mas de outros fatores.
