Cerca de 500 pessoas acompanharam o enterro do guitarrista da banda Detonautas, Rodrigo Netto, o Nettinho, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio. Ele foi morto ontem numa tentativa de assalto na Avenida Marechal Rondon. O músico foi enterrado ao lado da mãe, que morreu de câncer de mama quando o guitarrista tinha 7 anos.
Nettinho, de 29 anos, voltava de uma festa na casa da tia-avó em Cascadura, na zona norte, e deveria passar pela Linha Amarela, mas mudou o trajeto para evitar as falsas blitze e confrontos que se tornaram comuns na via expressa. "Ele estava na hora errada, no lugar errado, reagiu e aí aconteceu", desabafou Mauro Perez, de 26 anos, irmão do músico. Emocionado, o vocalista Tico Santa Cruz subiu na sepultura, segurando a bandeira do Brasil. "Esse aqui é mais um cidadão de bem que vai embora por conta dos corruptos que roubam nosso dinheiro em Brasília, por causa da violência", disse Tico, que defendeu o voto consciente.
Depois do enterro, fãs cercaram o caixão e cantaram a música "Tô aprendendo a viver sem você", de autoria de Rodrigo Netto, e rezaram o Pai Nosso. O pai do guitarrista, o taxista Gilberto Netto, permaneceu sentado numa sepultura, a poucos metros de distância. "Meu filho já morreu. Só tenho que ficar triste porque nossos governantes brincam de governar, fazem greve de fome. A violência existe em todos os lugares, mas não se pode permitir que crianças cresçam como ratos pelas ruas." A avó de Rodrigo Netto, Maria da Silva Netto, de 87 anos, que estava com ele no momento do assalto,não compareceu ao enterro. O irmão Rafael, que também estava no carro com ele e foi baleado, permanece internado.
Criminosos
Um dos suspeitos do crime morreu e outro ficou ferido em um confronto com policiais militares durante perseguição nesta manhã, em Benfica, zona norte do Rio. A ação começou depois que pelo menos cinco bandidos num Audi A3 preto – o mesmo usado na fuga após a tentativa de assalto ao músico – interceptaram uma caminhonete Pajero de uma médica da Marinha, às 6 horas, na Avenida Radial Oeste, perto do Morro da Mangueira de onde saíram.
Policiais militares do 6º Batalhão (Tijuca), que faziam patrulhamento na área, perceberam o roubo e seguiram os quatro ocupantes da Pajero. Houve troca de tiros. Um criminoso que dirigia o carro roubado perdeu a direção, bateu em outra Pajero e depois colidiu com um caminhão. Após o acidente, dois traficantes conseguiram fugir a pé e outros dois foram baleados. A polícia encontrou na Pajero uma pistola, um revólver, uma granada defensiva e munições.
No mesmo instante do confronto em Benfica, pelo menos dois bandidos que fugiram no Audi bateram com o carro num poste, a caminho da Mangueira, mas não se feriram e fugiram. O criminoso identificado como Ratinho, que estava dirigindo a Pajero, foi ferido e morreu na hora. Seu comparsa, Thiago da Costa Garcia, de 20 anos, foi atingido de raspão na cabeça e no braço e levado para o Hospital do Andaraí, zona norte da capital.