O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quarta-feira (7), em entrevista, que não tem medo do aumento da demanda no Brasil. "Eu quero dizer o seguinte. Não tenho medo de um aumento da demanda do País. O Brasil está preparado para aumentar a oferta. O País tem condições produtivas para acompanhar o aumento da demanda." A ata da reunião mais recente do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada no final de janeiro, alertou para o risco de inflação em conseqüência de uma demanda robusta.
Segundo Mantega, é fácil aumentar a oferta no Brasil. "E fica ainda mais fácil se conseguirmos aumentar o nível de investimento." Mantega garantiu que haverá aumento do investimento em 2007. Segundo ele, o governo vai continuar estimulando o aumento da demanda. "Porque é uma demanda sólida e consistente que vai estimular o empresariado a investir na capacidade produtiva", disse. Na avaliação do ministro, quando os empresários percebem que há uma demanda sólida, de longo prazo, e que não será abortada, investem.
Mantega acrescentou que o BC não parou de reduzir a taxa de juros. "Isso que é importante. Eu acho que vai continuar havendo uma redução da taxa. O mercado todo prevê isso. Nós continuamos muito sólidos, e, na última pesquisa Focus, a previsão de inflação caiu ainda mais", afirmou.
Mantega minimizou as críticas feitas ao BC. "Se o BC fosse simpático e estivesse agradando todo mundo, talvez não cumprisse adequadamente a sua função, que é a de ser o guardião da moeda. Todo mundo gosta da estabilidade e, aí, paga um certo preço".
Juros
Mantega afirmou que o governo está no caminho certo em relação ao câmbio porque os juros estão caindo e vão cair ainda mais. Ele acrescentou que não é alheio ao "problema" do câmbio e gostaria de uma taxa melhor. "Mas eu estou vendo que são questões passageiras. Nós estamos no caminho certo porque as taxas de juros mais elevados e que ajudam a elevar o real estão caindo de forma firme durante muito tempo consecutivo e vão continuar", afirmou.
Segundo ele, a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) sinaliza que as taxas de juros continuarão sendo reduzidas pelo Banco Central. "A condição é essa: continuar abaixando os juros. Isso vai ajudar o câmbio", argumentou. Ele acrescentou ainda que o aumento das importações e a compra de mais dólares para as reservas ajudam a melhorar a taxa de câmbio. "Agora, tem algumas coisas que não ajudam, como a maior solidez do Brasil e vender títulos em real no mercado externo", disse ele.
Importação
O ministro afastou a possibilidade de redução das alíquotas do Imposto de Importação (II) para ajudar a conter a queda do dólar. "Mais abertura do que nós temos hoje é impossível. Hoje, a economia brasileira é aberta com esse câmbio. Isso barateia as mercadorias importadas, e há estímulo às importações". Segundo o ministro, não há necessidade de uma rodada de redução do Imposto de Importação, sugerida por alguns especialistas.
Mantega avisou que só usará a redução de tarifa de importação se houver algum movimento especulativo de pressão inflacionária. "Isso eu já estou avisando. Em função da demanda que está havendo – e vai aumentar, porque o País está crescendo -, se algum setor começar a elevar preço, vamos usar o instrumento tarifário e reduzir tarifas mais ainda, como já fizemos no passado", advertiu. "Nós não titubearemos em relação a isso", alertou.
O ministro disse que é por causa do aumento das importações que a inflação está bem comportada. "O empresário pensa duas vezes antes de subir os preços. Ele tem a competição internacional", disse.