O ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, assegurou hoje, em Belo Horizonte, que o PTB defenderá a apuração rigorosa da denúncia de existência de um esquema de propina na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que seria comandado por funcionários indicados pelo presidente nacional do partido, deputado Roberto Jefferson (RJ).
"Nós queremos apuração de tudo; não queremos colocar panos quentes em nada. Nós queremos preto no branco", disse Guia por telefone. Ele afirmou que somente ontem (15) à noite leu a reportagem da Revista "Veja" que fez a acusação.
Representante da legenda no ministério do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Guia disse que ligou para o chefe da Casa Civil, José Dirceu, comunicando que a disposição da sigla é pedir uma investigação "até as últimas conseqüências". Para o ministro do Turismo, o escândalo que envolve a agremiação da base aliada não respingará no governo.
Guia confirmou que Jefferson alegará na defesa que fará amanhã (17), da tribuna da Câmara dos Deputados, que "foi envolvido" no caso pelo ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da ECT Maurício Marinho – flagrado em gravação supostamente recebendo propina de empresários interessados em participar de uma licitação promovida pela estatal. Marinho, que foi demitido na semana passada, diz no vídeo que atuava sob a orientação do presidente nacional do PTB.
O ministro desqualificou a interlocução que ele disse ter com o partido, apesar de ele ter sido indicado para o cargo por Jefferson.
"Eu não conheço ele; nunca conversei com ele, nunca o vi numa reunião do PTB. Ele não é do PTB. Então, eu preciso saber como ele pode falar pelo PTB dessa maneira", afirmou. "É um funcionário que teve uma atitude absolutamente fora do padrão ético. Ele tem de ser punido."
Já sobre o ex-diretor de Administração da empresa Antônio Osório Menezes Batista – também indicado pelo presidente nacional petebista e afastado do cargo no sábado (14) à noite pelo ministro das Comunicações, Eunício Oliveira -, Guia afirmou que é "um militante" e "uma pessoa que tem conceito" dentro da legenda. Batista foi acusado pelo ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material da ECT, que era subordinado dele, de dar cobertura interna ao esquema de propinas.
Segundo o ministro, o episódio demanda uma averiguação "profunda". "Levantar essa quantidade de coisas que ele (Marinho) falou e ver o nível de comprometimento que essa pessoa tem com A, com B ou com C. E identificar se ele está fazendo marola ou se ele está enrolado em alguma coisa. Tem de fazer agora uma profunda investigação. É isso que o PTB quer", assegurou.
