O guerra no Iraque foi baseada em mentiras e inteligência incorreta sobre armas de destruição em massa, afirmou o ex-presidente americano Jimmy Carter em uma entrevista publicada ontem.
Carter criticou duramente o presidente dos EUA, George W. Bush e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e afirmou que não existia razão para atacar Saddam Hussein.
“Essa guerra foi baseada em mentiras e em interpretação errônea de Londres e de Washington, alegando falsamente que Saddam Hussein foi responsável pelos atentados de 11 de setembro alegando falsamente que o Iraque tinha armas de destruição em massa”, teria dito Carter, segundo o jornal The Independent.
“E penso que o presidente Bush e o primeiro-ministro Blair provavelmente sabiam que muitas das alegações eram baseadas em inteligência duvidosa”, acrescentou.
Resistência avança
Enquanto prosseguem as críticas domésticas ao governo Bush, no Iraque a resistência à ocupação intensifica suas ações.
Domingo, num raro ataque à luz do dia, insurgentes iraquianos lançaram foguetes contra a área do QG das tropas de ocupação dos EUA em Bagdá, matando dois civis iraquianos que moravam perto do alvo e ferindo outras seis pessoas, entre elas um militar americano. Em outro ataque, dois soldados americanos foram mortos e outros cinco ficaram feridos perto de Faluja, no oeste do Iraque.
Na segunda-feira, outras cinco pessoas morreram. Dois empresários da Finlândia foram mortos em frente ao Ministério das Minas e Energia. Eles são os primeiros finlandeses a morrer no Iraque desde a invasão liderada pelos americanos. Segundo relatos, eles foram atingidos por um franco-atirador quando estavam dentro de um carro.
Os empresários estavam em Bagdá desde sábado. Eles faziam parte de uma delegação privada que procurava reavivar velhos laços comerciais no país, disse Rolf Johansson, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Finlândia.
A Finlândia não havia se envolvido na invasão do Iraque e também não enviou nenhum militar ao país para ajudar a reconstrução daquela nação do Oriente Médio.
Em outro incidente, um soldado americano e um tradutor iraquiano foram mortos quando uma bomba explodiu a oeste de Bagdá.
Segundo declaração de oficiais militares americanos, a explosão aconteceu quando uma patrulha dos Estados Unidos passava por uma estrada na região.
Em um terceiro ataque, ao norte da cidade de Mosul, um segurança que trabalhava com os americanos foi morto, e três outros ficaram feridos quando caminhavam para seu local de trabalho.
Líder xiita pede que ONU não aprove Constituição do Iraque
Em outro flanco da resistência, só que do lado dos colaboracionistas, o principal líder religioso xiita do Iraque pediu que a Organização das Nações Unidas (ONU) não aprove a Constituição interina do país, criando um potencial obstáculo aos planos dos Estados Unidos de devolver a soberania aos iraquianos no dia 1o. de julho.
Em uma carta divulgada pelo gabinete dele, o aiatolá Ali Al Sistani disse a Lakhdar Brahimi, representante da ONU, que, se a entidade não rejeitar a Constituição, ele iria boicotar a visita de uma equipe da organização encarregada de discutir a formação de um governo interino no Iraque.
“A liderança religiosa (xiita) teme que as autoridades da ocupação trabalharão para incluir essa lei em uma nova resolução da ONU para conferir-lhe legitimidade internacional”, escreveu o clérigo.
