A guerra entre a Coca-Cola e os fabricantes menores de refrigerantes, freqüentemente qualificados como “tubaineiros”, ultrapassou as fronteiras das gôndolas de supermercados e chegou à polícia e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Ragi Refrigerantes, fabricante do Dolly, protocolou terça-feira no Cade um pedido de abertura de procedimento administrativo para apurar práticas de concorrência desleal e de abuso do poder econômico por parte da Coca-Cola. O processo é o de número 08012.006043/2003-22. A empresa também acusa a multinacional, em um inquérito policial, de distribuir um e-mail difamando a Dolly.
Tudo gravado
As acusações são baseadas em depoimentos do ex-diretor de compras estratégicas da Panamco (recentemente adquirida pela mexicana Femsa), Luiz Eduardo Capistrano do Amaral. Entre junho e julho deste ano, o executivo teve uma série de conversas com o proprietário da marca Dolly, Laerte Codonho, no escritório do empresário. As conversas foram gravadas em vídeo sem que Capistrano soubesse (na última reunião, em 2 de julho, o executivo diz a Codonho que está gravando a conversa e que acredita que o empresário esteja fazendo o mesmo). A Panamco era a maior engarrafadora da Coca-Cola no Brasil.
Nas conversas, às quais o jornal Valor teve acesso, Capistrano diz que o e-mail – que informava que o refrigerante Guaraná Dolly provocava câncer e má atividade dos rins – não é de autoria da Coca, mas admite que a área de vendas da empresa deu divulgação ao falso comunicado.