Antes mesmo de começar, a 16ª Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, que será realizada de hoje a domingo em Montevidéu, já está sendo embalada por uma intensa polêmica entre o país anfitrião, o Uruguai, e seu vizinho, a Argentina. O foco original da cúpula – a migração de grandes massas dos países menos desenvolvidos para os mais desenvolvidos – está sendo desviado para a "guerra da celulose", a disputa travada pelos dois países há um ano por causa da construção de fábricas de celulose do lado uruguaio da fronteira, sobre o Rio Uruguai
O presidente argentino, Néstor Kirchner, opõe-se às fábricas e apóia os milhares de manifestantes que hoje prometem bloquear a fronteira. Eles construirão um muro sobre o acesso a uma das pontes e manterão o bloqueio até o fim da cúpula. Indignado, o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, afirmou que "com pontes bloqueadas, não há diálogo"
No início da semana havia a expectativa de que os dois presidentes pudessem aproveitar a cúpula para tentar achar uma solução para a crise. Para os argentinos, as fábricas causarão um "apocalipse" ambiental e econômico. Para os uruguaios, as fábricas implicam no maior investimento privado da história do país, de US$ 1,8 bilhão – equivalente a 13% do PIB. Mas o governo argentino deixou claro que o encontro bilateral para resolver a questão não acontecerá
Outro problema da cúpula é a lista de ausências. Sete líderes não comparecerão, entre eles os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alan García (Peru)