Guairinha comemora 50 anos neste domingo

Neste domingo (19), o auditório Salvador de Ferrante, carinhosamente chamado pelo público de Guairinha, completa 50 anos. Nesta data, em 1954, apesar de as obras do teatro não estarem totalmente concluídas, o Presidente da República, Café Filho, e o governador Bento Munhoz da Rocha Netto, descerraram a placa inaugural.

Mas a primeira apresentação aconteceu somente no dia 25 de fevereiro de 1955, com a peça Vivendo em Pecado, de Terence Rattigan, com a Companhia Dulcina. No elenco estavam Dary Reis, Sônia Morais e Carmen Silva.

Para comemorar a data, o Centro Cultural Teatro Guaíra fará neste dia 19, às 19h30, uma solenidade, presidida pelo governador Roberto Requião, em homenagem a todos que passaram pelo Guairinha nesses 50 anos. Também serão entregues medalhas, como símbolo de reconhecimento, e será lançado um carimbo comemorativo, ambos criados pelo designer curitibano Dickson Távora.

A cerimônia terá a presença da ex-primeira-dama, Flora Camargo Munhoz da Rocha, dos atores Ary Fontoura, Paulo Goulart, Luis Melo – que fará uma leitura de textos de Julio Cortázar -, ex-superintendentes, diretores e representantes da classe artística. A atriz Lala Schneider será homenageada pela sua carreira e como representante de todos os atores paranenses. Na sala ao lado ao auditório será inaugurada a exposição Guairinha 50 anos Memorial.

O pequeno auditório do Teatro Guaíra – o Guairão já estava em construção nesta época – levaria o nome de Salvador de Ferrante a partir da lei nº 73 sancionada a 7 de novembro de 1955. O Guarinha tem 504 lugares, divididos entre platéia (324) e balcão (180).

Para manter em atividade o espaço, em 1956 Ary Fontoura e Glauco Flores de Sá Britto criaram o Teatro Experimental Guaíra, que depois veio a se tornar o Teatro de Comédia do Paraná, primeiro grupo oficial de teatro do Estado. O TCP, como era chamado, encenou dezenas de peças, entre elas "Paraná Terra de Todas as Gentes", que inaugurou o Guairão, em 1974.

Todas as grandes companhias brasileiras faziam suas estréias no Guairinha ou obrigatoriamente passavam pelo teatro durante as turnês porque o público curitibano era – e ainda é – considerado o termômetro para o sucesso da montagem.

Além disso, o Governo do Estado incentivava e apoiava financeiramente as montagens. O Teatro de Comédia do Paraná era sinônimo de sucesso onde quer que se apresentasse. Um dos grandes incentivadores foi o superintendente Otávio Ferreira do Amaral Neto. Em suas administrações – governo Ney Braga e Paulo Pimentel – o Teatro Guaíra produziu muito e recebeu grandes espetáculos.

Pelo Guairinha passaram as grandes companhias de teatro como Cacilda Becker, Tônia-Celi-Autran, Dulcina-Odilon, Maria Della Costa, Procópio e Bibi Ferreira e nomes que fizeram a história da dramaturgia brasileira: Yara Sarmento, Ary Fontoura, Paulo Goulart, Nicete Bruno, Odelair Rodrigues, Lala Schneider, Fernanda Montenegro, Marília Pera, Raul Cortez, Itala Nandi, Dina Sfat, Carlos Vereza, Eva Wilma e outros.

Grandes diretores também passaram pelo teatro: Oraci Gemba, Lota Moncada, Antônio Carlos Kraide, Cláudio Corrêa e Castro, José Maria Santos, Ziembinski, Fernando Torres, Sinval Martins, Flávio Rangel, Telmo Faria.
Era comum uma companhia ficar semanas, e até meses, com peças em cartaz. Atrizes e atores eram venerados como deuses. Suas roupas, modos e penteados ditavam a moda. E o público se preparava para ir ao teatro. Era comum os colunistas sociais relatarem em minúcias o antes, o durante e o depois da peça.

A montagem da Megera Domada em 1964 foi o primeiro grande evento do TG e, muitos consideraram o maior do Brasil, para a época. A peça teve o orçamento mais caro, Cr$ 22 milhões e o ingresso mais caro, Cr$ 15 mil.

A apresentação de uma companhia de teatro de revista provocou protestos na Câmara Municipal. A alegação era que o conteúdo do espetáculo e o comportamento das atrizes feria os bons costumes da sociedade curitibana.

Após o Golpe Militar de 64, uma bomba foi detonada em um dos banheiros do Guairinha. Muitos atribuíram o incidente aos "comunistas". Outros a alunos do Colégio Estadual do Paraná. Nunca se descobriu o autor. Nesta época ainda era comum as companhias fazerem sessões prévias para os censores do Departamento da Polícia Federal. Muitas, como Schweik, na 2ª Guerra Mundial, tiveram 22 palavras cortadas.

Para contar esta história, o Centro Cultural Teatro Guaíra lançará um livro com a cronologia dos 50 anos.

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