Brasília – O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), e a Cáritas declararam nesta quinta-feira (22) apoio à luta do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio. As entidades esperam que o governo federal abra diálogo sobre o projeto de muda os rumos da água do Rio São Francisco. Cappio protocolou no Palácio do Planalto um projeto alternativo para amenizar a falta de água no semi-árido nordestino sem mudar o rumo da bacia do rio.
Apesar de considerar um gesto isolado a atitude de Cappio, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem interesse em acompanhar a evolução dos diálogos entre os movimentos sociais e o governo federal para encontrar um projeto alternativo. Por meio da assessoria de imprensa, a entidade informou que respeita a liberdade de opinião de dom Cappio, que chegou a fazer greve de fome por dez dias em outubro de 2005 para protestar contra a transposição. No entanto, a CNBB salienta que o pronunciamento de um bispo não representa a posição de todos.
Já o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), entidade que reúne seis igrejas do país, defende abertamente a luta de Cappio. O secretário-geral do Conic, padre Gabrieli Cipriani, acredita que existe consenso tanto na Igreja Católica como nas religiões protestantes em torno do tema. ?Nós queremos que o rio seja revitalizado antes de que as obras de transposição comecem?, ressaltou, ao participar de entrevista coletiva hoje, ao lado de Cappio.
?Essa é uma última tentativa de mobilizar a opinião pública e retomar as discussões com o governo?, destaca Ruben Siqueira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) na Bahia.
A Cáritas, entidade que reúne 162 organizações de serviço social da Igreja Católica, também participou da entrevista para apoiar o ato de Cappio. Luiz Cláudio Mandela, assessor da Cáritas, acredita que a transposição vai trazer mais prejuízos que benefícios à população do Nordeste. "A água consumida no Ceará e no Rio Grande do Norte, por exemplo, vai ficar mais cara porque será misturada à água vinda do São Francisco", alega.