Um treinamento policial mudou por algumas horas a rotina no Centro de Curitiba, na tarde desta quarta-feira. Quem passou pelas proximidades da Praça Tiradentes inevitavelmente voltou os olhos para o topo de um prédio de 60 metros de altura. Foi de lá que 21 policiais civis desceram usando técnicas de rapel. "Parece coisa de filme", disse a advogada Daisy Dear, que saiu do escritório para se juntar à multidão que acompanhava, curiosa, a cena.

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O rapel é apenas um dos exercícios que fazem parte do curso realizado pelo Grupo Tigre da Polícia Civil do Paraná para ensinar policiais civis e militares de grupo de elite do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro para lidar em situações de alto risco, como tiroteios e seqüestros. O curso começou há três semanas e vai terminar na semana que vem.

"Nessa missão específica, testamos como os policiais reagem à altitude. Numa situação real o policial não pode se preocupar com isso, mas sim em usar a técnica para invadir apartamentos pela janela atirando ou para resgatar reféns", explicou o delegado Riad Farhat, chefe do Grupo Tigre. Farhat disse ainda que esta é uma técnica complicada e que foi usada apenas duas vezes no Brasil.

Dentre as pessoas aglomeradas na calçada da Rua Cruz Machado, no Centro da cidade, estavam também o casal sueco Thomas Levenberger e Carinne Meister. Eles estão há um mês e meio no Brasil, como turistas, e passeavam pelo Centro de Curitiba quando viram os policiais. Segundo eles, a caminhada foi interrompida, porque nunca haviam visto um treinamento de policiais em seu país de origem. "Quando dissemos que viríamos para o Brasil, todos nos alertaram sobre a violência. Mas, agora, pudemos perceber que há um esforço da polícia para resolver o problema", disse Levenberger.

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Já Carinne, que antes de Curitiba já passou por São Paulo, reconhece que a criminalidade é presente nas grandes cidades brasileiras, mas disse que percebeu uma diferença quando chegou em Curitiba. "Aqui me sinto mais segura", afirmou.

Uma equipe de cinco policiais experientes orientava, do chão, a descida dos alunos, enquanto outros quatro policias, do alto, faziam a última checagem nos equipamentos de segurança e incentivavam, um a um, a descida dos alunos. Quando cada policial chegava ao chão, recebia a avaliação de seu desempenho por parte dos instrutores e elogios dos curiosos que acompanhavam o treinamento. "Senti na pele que, nesses casos, o importante não é só chegar lá em baixo. Eu também sou responsável pela vida das outras pessoas envolvidas", disse o investigador Platão Ribeiro dos Santos, estagiário do grupo Tigre, que praticava rapel como esporte, mas treinou pela primeira vez a técnica com objetivo policial. 

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