Curitiba (AE) – Tinham transcorrido apenas 15 minutos do início do Exame Nacional de Desempenho (Enade), quando cerca de 20 estudantes que faziam prova no Instituto Erasmo Piloto, em Curitiba, deixaram hoje a sala. Eles aderiram ao boicote defendido por um grupo de estudantes e apenas assinaram o gabarito. "Achei injusta a imposição", reclamou o estudante do 2º ano de Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Adriano Roberto Pinto.

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Ele disse ter dado uma olhada na prova. "Não tinha qualquer separação nos conteúdos", afirmou. "Há questões de quântica que o primeiro ano nunca viu." Formando em Física, João Paulo Kuzma também optou pelo boicote. Ao apreciar as questões, ele acentuou que não há complexidade. "Mas não avalia todo o conteúdo", disse. O também formando Bruno Pontarolli só compareceu porque é exigência para receber o diploma. Mas entregou a prova apenas assinada. "Se fosse adiantar para algo seria diferente", registrou.

Na entrada, os estudantes foram orientados por um grupo a entregar a prova em branco. "Não existe avaliação, apenas ranqueia para justificar a privatização", disse a estudante de Terapia Ocupacional da UFPR Angélica Varejão, que liderava o protesto. Mas não convenceu Allysson Luiz Monteiro, do 1º ano de Geografia. "Costumo não entrar nessa", acentuou.

Declarando-se um estudioso, ele afirmou ter respondido mesmo questões que ainda não fazem parte do conteúdo da série dele. Formando do mesmo curso, Filipe de Almeida Teixeira leu a prova, mas preferiu entregá-la em branco. "Não acho que essa seja a forma mais correta de avaliação, pois não analisa a pesquisa e extensão", criticou. Mas considerou as questões fáceis. "Quem fez um cursinho vai bem com certeza", avaliou.

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André Luís dos Santos está se formando em História na UFPR. Assinou a prova para garantir o diploma, mas não respondeu as questões. "Pedagogicamente, não avalia o conhecimento porque é uma prova homogênea, igual para todos os períodos", analisou. "O que o governo quer é redistribuir as verbas conforme seu interesse, privilegiando as faculdades particulares, e é preciso rever isso."