Grupo acusa Filipinas e EUA de incitar mortes políticas

Um grupo de direitos humanos baseado na Itália acusou o governo das Filipinas de ter adotado, com o apoio dos Estados Unidos, políticas contra-insurgência que precipitaram uma onda de assassinatos de líderes esquerdistas, tornando os dois países passíveis de serem denunciados por "crimes contra a humanidade".

O Tribunal Permanente do Povo, uma organização não-governamental que investiga o assassinato de ativistas de esquerda, reuniu-se em Haia na semana passada a fim de examinar denúncias feitas por diversos grupos de defesa dos direitos humanos e de esquerda das Filipinas. Eles afirmam que centenas de esquerdistas foram mortos, seqüestrados e torturados por tropas do governo da presidente Gloria Macapal Arroyo.

Segundo o grupo, o governo filipino está cometendo violações dos direitos humanos "com o apoio e pleno conhecimento do governo de George Walker Bush". Esses atos "podem ser classificados como crimes contra a humanidade", acrescentou. Entretanto, o governo filipino desqualificou o grupo italiano e assegurou que não é conivente com violadores dos direitos humanos.

"Vigiando a Liberdade"

As Filipinas, com a assistência e o treinamento dos militares dos EUA, adotaram um plano de contra-insurgência batizado de "Operação Vigiando a Liberdade" que visa a desarticular não apenas guerrilhas comunistas, mas também grupos civis vistos pelos militares como parte da rede rebelde, informou o Tribunal Permanente do Povo. "As vítimas muitas vezes são camponeses pobres fazendo campanha por empréstimos em melhores condições, clérigos que criticaram o governo por supostas políticas desumanas, defensores dos direitos humanos e outros lutando pacificamente por melhores condições de vida", acrescentou o grupo.

O porta-voz da embaixada americana em Manila, Matthew Lussenhop, negou que Washington seja conivente com os assassinatos. "Não é de forma nenhuma verdade", garantiu. "Levamos muito a sério as questões dos direitos humanos e das liberdades civis e levantamos nossas preocupações com assassinatos extrajudiciais em todos os níveis do governo", prosseguiu. Por seu lado, a União Européia (UE) anunciou que enviará uma missão a Manila com o objetivo de avaliar que tipo de assistência pode oferecer ao governo filipino para ajudar a resolver os assassinatos. "Sempre temos dito que é importante que o governo coloque um fim a esses assassinatos e investigue, identifique os perpetradores e os leve à justiça", disse Alistair MacDonald, chefe da Comissão Européia em Manila.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo