São Paulo (AE) – A greve dos funcionários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que hoje (2) completou dois meses, já deixou milhões de segurados sem atendimento. Só no Estado de São Paulo, mais de 2,3 milhões de pessoas deixaram de ser atendidas nas agências da Previdência Social desde o início do movimento, no dia 2 de junho. De acordo com o INSS, das 165 agências no Estado, 95 (57,5%) estavam fechadas ou parcialmente paralisadas.

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Em todo o País, o índice de paralisação chega a 24,47%, afetando 291 das 1.189 agências do órgão. A adesão à greve é maior nas capitais. Em São Paulo, continua próxima de 100%: das 27 agências, 25 estão fechadas, uma atende parcialmente e outra não foi afetada.

Diante dos problemas causados pelo movimento, o governo já admite voltar a negociar. O impasse continua porque o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, que coordena as negociações, ofereceu R$ 140 milhões na forma de gratificação para os servidores, mas só em 2006 e vinculados à produtividade de cada um. Esse pagamento representaria reajustes de 12% a 19% para os trabalhadores na ativa e de 5% a 8% para os aposentados.

Os grevistas reivindicam reajuste de 18% e plano de carreira com piso salarial de R$ 1.500, entre outros itens, mas também admitem discutir uma proposta alternativa, desde que boa parte dos R$ 140 milhões fosse em valores fixos e pagos já neste ano. Na sexta-feira haverá uma plenária nacional do movimento em Brasília para discutir uma proposta a ser apresentada ao governo.

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"Queremos flexibilizar e estamos dispostos a discutir uma proposta intermediária para resolver a greve. É isso que estamos sinalizando para o governo", afirma Pedro Totti, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social.

"Caso os grevistas apresentem uma proposta intermediária entre o que o governo ofereceu e o movimento sindical reivindica estamos dispostos a retomar as negociações", diz Idel Profeta Ribeiro, coordenador geral de negociações sindicais do Planejamento.

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Para isso, ele conta com o enfraquecimento da greve. Tanto é que a paralisação, que em seu auge chegou a atingir 500 agências, hoje afeta apenas 291. "A greve está refluindo", diz Ribeiro. O corte do ponto de cerca de 5,6 mil funcionários ameaçou os grevistas e desmobilizou a paralisação.

Segurados

A operadora de telemarketing Cristiane Theodoro de Paula, de 22 anos, chegou hoje às 5h30 ao posto do INSS da Avenida Santa Marina, na Zona Oeste da capital paulista, para fazer perícia médica. Grávida de 7 meses, Cristiane tem tendinite no braço, ficou na fila até as 8h e não foi atendida.

Outro segurado que está sofrendo os efeitos da greve do INSS, é o ex-vigia noturno Manoel Vieira, de 61 anos, que foi aposentado por invalidez. Cego de uma vista, ele foi hoje ao posto do INSS para reclamar do atraso no pagamento do benefício. "Faz três meses que eu não recebo", reclama. Com benefício mensal de R$ 1 mil, ele está tendo dificuldades para sobreviver.

Maria Gabriela Leite de Sousa, de 44 anos, também foi tentar receber seu benefício. Portadora do vírus HIV, ela necessita de recursos para comprar medicamentos para ela e a mãe que sofre de câncer. "Também preciso pagar o aluguel e as despesas da casa", diz a aposentada.