A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que já dura quase dois meses, deve prejudicar a produção industrial no segundo trimestre. Empresas de diversos setores que dependem de matéria-prima e peças importadas estão paralisando atividades
Consultorias começam a rever para baixo a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do segundo semestre. A LCA, que previa expansão de 0,7% em relação ao primeiro trimestre, já fala em crescimento nulo. "Isso não estava no cenário inicial. As empresas que dependem de insumos importados deixaram de produzir normalmente, da mesma forma que as exportadoras diminuíram o ritmo para não acumular estoques", diz o economista da LCA, Bráulio Borges
Na Zona Franca de Manaus, 40% das operações estão comprometidas, o que causa um prejuízo de US$ 33 milhões ao dia, estima Maurício Loureiro, do Centro das Indústrias do Amazonas. Desde o início da greve, em 2 de maio, cerca de 3 mil operários foram demitidos. A contratação de 2 mil temporários foi cancelada
"Os companheiros da Unafisco (sindicato dos auditores fiscais da Receita) têm todo direito de brigar por melhores salários. Só não podem prejudicar quem não tem estabilidade nem ganha tanto quanto eles", diz Waldemir Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas
No ABC paulista, a fabricante de caminhões e ônibus Mercedes-Benz só tem peças importadas para manter a produção até quarta-feira. Por pouco a linha de montagem não teve de ser paralisada hoje. "Conseguimos a liberação de uma carga às 20h30 de sexta-feira", conta Roberto Bastian, diretor de logística. "É complicado uma empresa desse porte operar com essa imprevisibilidade." No dia 5, a produção já havia sido interrompida na parte da manhã