Belo Horizonte – O ministro das Comunicações, Hélio Costa, classificou hoje (4) como um ato "constrangedor" para o PMDB a greve de fome do pré-candidato à Presidência da República pelo partido, Anthony Garotinho. Ao observar que o ex-governador do Rio não é um quadro tradicional do PMDB, Costa disse que não existe censura na imprensa brasileira e que Garotinho deveria responder às acusações sobre irregularidades em doações para a sua pré-campanha. A greve de fome foi iniciada domingo por Garotinho, que cobra espaço em órgãos da grande mídia e o acompanhamento das eleição brasileira por organismos internacionais.
"Evidentemente, se ele tem alguma coisa a reclamar da imprensa, ele tem o espaço para reclamar. Não adianta fazer greve de fome achando que as pessoas vão se condoer ou penalizar porque ele está fazendo greve de fome. Não, nós queremos são respostas", afirmou o ministro, que trabalha abertamente para uma aliança do PMDB com a virtual candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Costa ainda aproveitou para ironizar a medida extrema adotada pelo pré-candidato. "Se ele tiver as respostas para dar às indagações que foram feitas, ele não precisa fazer greve de fome. A menos que esteja fazendo porque realmente estava fora de peso", disse, em entrevista à Rádio CBN, durante a abertura da 22.ª Feira para o Desenvolvimento dos Municípios, na capital mineira.
O ministro defendeu indicação de um peemedebista para compor como vice de Lula, alegando que o partido poderá ajudar o presidente, num segundo mandato, a governar. Ontem (3), o Palácio do Planalto ofereceu oficialmente à legenda a vaga de vice na chapa da reeleição. "O PMDB pode ajudar, principalmente no momento em que nós estamos saindo de uma crise política complicada. Eu acho que o PMDB tem um papel a desempenhar", disse Costa.
Esse papel, segundo ele, depende do não lançamento de um candidato próprio à disputa presidencial e do aumento das bancadas na Câmara e no Senado, além da ampliação do número de governadores. "Se nós tivermos candidato, eu acho que o PMDB perde de 30% a 40% das possibilidades que tem para o Congresso e para os executivos estaduais", avaliou.
"Atestado de óbito"
O outro pré-candidato peemedebista Itamar Franco, reafirmou que é favorável à realização de uma convenção extraordinária no dia 13 para definir uma posição do partido em relação à candidatura própria. "É preciso resolver de uma vez por todas essa coisa absurda que é o partido ter ou não ter candidato", comentou Itamar, também em entrevista à CBN.
A antecipação da convenção – a oficial estava marcada para junho -, porém, interessa à ala governista do partido, que tenta enterrar de vez o projeto de candidatura própria. O plano B de Itamar continua sendo a candidatura ao Senado, seu projeto inicial.
O ex-presidente, no entanto, disse que espera que o PMDB tenha "juízo" e opte por lançar um candidato à sucessão de Lula. "E não aconteça o que aconteceu comigo em 98: quando candidato a presidente da República, nós sofremos agressões e o partido se acoplou ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Se isso voltar a acontecer e o PMDB não tiver candidato, eu chego a lhe dizer que desta vez o PMDB estará assinando o seu atestado de óbito."
Para Itamar, não há uma "explicação lógica para que o partido não tenha candidato e continue sendo um ator coadjuvante". Sobre a greve de fome de Garotinho, ele disse que, "por uma questão de ética", não iria analisar "esse procedimento de ordem pessoal" do ex-governador.