A greve foi deflagrada porque os agentes, escrivães e papiloscopistas (especialistas em impressões digitais) da PF querem um reajuste salarial de 85%, o que equipara seus salários aos de delegados e peritos, ambos de nível superior. Com esse percentual de reajuste, os salários desses profissionais passariam dos atuais R$ 4.199,77 para R$ 7.788,31. A Lei 9.266, de 15 de março de 1996, determina que as funções de policiais federais passem de nível médio para nível superior.
Uma reunião entre o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal, Fernando Honorato, e o superintendente da Policia Federal, Euclídes Rodrigues da Silva Filho, marcou o início do terceiro dia de greve da categoria em Brasília. A reunião serviu para que o comando da greve dos policiais pedisse ao superintendente que não deslocasse os policiais postos à disposição de serviços essenciais para qualquer outro trabalho. Segundo Honorato, houve uma concordância por parte do superintendente para essa reivindicação.
Sobre a flexibilização do governo para uma possível negociação, Honorato disse que o Ministério do Planejamento mandou para e-mail a todos os policiais grevistas no Brasil pedindo que eles pressionem as lideranças sindicais a retornarem à mesa de negociação com o governo. ?Nós não fomos convidados para essa negociação e esperamos um aceno por parte do governo?, afirmou.
O comando da greve também esteve ontem com o presidente da Câmara dos Deputadosl, João Paulo Cunha, para pedir a interferência do Congresso junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no sentido de informá-lo de que há um descumprimento da Lei 9.266, de 1996, elaborada pelo Congresso Nacional e sancionada pela Presidência da República. Segundo Honorato, o presidente da Câmara ficou de transmitir ainda hoje ao presidente Lula essa preocupação do movimento grevista.
De acordo com Honorato, a lei de greve, que determina a reserva de 30% do efetivo para os serviços essenciais, está sendo cumprida à risca. No entanto, ele assegura nada está funcionando na Polícia Federal, a não ser os casos de custódia de presos e serviços de emergência.
Segundo ele, a operação pente fino continua em todos os aeroportos do país.
Embora os policias estejam usando coletes amarelos com a inscrição: ?Estamos em greve?, não está descartado o uso do uniforme oficial da PF. ?Esses coletes foram comprados com o nosso dinheiro e nós vamos usá-los quando bem entendermos?, assinalou presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal.
Ainda segundo Honorato, não há a mínima possibilidade de os policiais devolverem os coletes, os bonés e as algemas, uma vez que todo o material foi adquirido com dinheiro do bolso deles. Honorato afirmou que ninguém está armado na greve. ?Nossas armas estão em casa ou guardadas nos nossos locais de trabalho?, disse.
continua após a publicidade
continua após a publicidade