Muita confiança, pouca inspiração e futebol. O campeão Corinthians estreou no Campeonato Brasileiro como nos últimos três anos, tropeçando. No duelo contra o Grêmio dono do título da Série B, derrota merecida por 2 a 0 no Estádio Olímpico, em Porto Alegre.
Neste domingo à tarde, nem parecia o mesmo Corinthians que onze dias atrás teve grande exibição diante da Universidad Católica pela Libertadores. Naquela vitória por 3 a 2, sufocou o rival no primeiro tempo, criou chances de gols e na fase final demonstrou muita garra para segurar o rival com dois jogadores a mais em campo. Já neste jogo a apatia prevaleceu. Quase nenhum chute a gol, enorme número de passes errados e pouca vontade no quesito marcação.
Ou o técnico Ademar Braga sacode seu elenco, cobra mais disposição ou perderá rapidamente todas as suas fichas que está apostando na conquista do título deste ano. Sua estratégia definida para 2006 no Brasileiro já foi por água abaixo. Pretendia somar, ao menos um ponto, em todos os jogos fora de casa. No título do ano passado foram 42 de 63 possíveis, ótimo retrospecto de 66,67%.
E desta vez não é possível jogar a culpa no goleiro ou nos defensores. O chileno Herrera, apesar de atrapalhado, fez boas defesas e Betão não comprometeu. Marcus Vinícius bobeou nos dois gols, mas onde estavam os galácticos?
Gustavo Nery, antes de o jogo começar, garantiu bom desempenho, disposição. "Não tem nada disso de tirar o pé para o jogo de quarta-feira da Libertadores ou pensamento na possível convocação para a Copa do Mundo", garantiu, sem convencer. Há muito tempo que o ala-esquerda deixa a desejar. Muitos críticos já questionam sua possível convocação por Carlos Alberto Parreira. Neste jogo Nery pouco chegou ao ataque. Na defesa, perdeu a maioria dos lances. No fim, provou estar com a cabeça em outro lugar. Na hora de dividir uma bola, entrou em contradição do discurso certinho do início e levantou o pé.
O ataque corintiano, formado por Tevez e Nilmar, dupla na qual Ademar também fez questão de apostar suas fichas como possíveis artilheiros da competição no fim do ano, quase não deram trabalho ao goleiro Marcelo. Estes, contudo, têm uma desculpa para as raras finalizações dadas. A bola praticamente não chegou Ricardinho e Roger provaram, mais uma vez, que não conseguem jogar juntos. Tiveram apresentações pífias, diversos erros de passes e mais nada.
Melhor para o Grêmio. O respeito e até certo temor pelo adversário demonstrado na escalação de quatro homens na defesa, cinco no meio-campo e apenas um na frente, rapidamente foi virando ousadia, tamanha displicência rival.
O primeiro lance de real perigo aconteceu aos 19 minutos. Ramon arriscou de longe e exigiu boa defesa de Herrera. O Corinthians se arrastava, lentamente, no ritmo de Ricardinho.
Acreditava ir para o vestiário com o empate quando, aos 44 minutos, num rápido contra-ataque, Ricardinho tocou de cabeça para Alessandro fazer 1 a 0. "Jogamos bem, chegamos com qualidade e saímos, merecidamente, com a vitória no primeiro tempo", disse o técnico do Grêmio, Mano Menezes.
A fase final seria replay da primeira. Grêmio jogando e Corinthians assistindo. Premiou, claro, quem buscou a vitória. Evaldo fez 2 a 0 e garantiu o bom retorno do Grêmio à elite.
Ficha técnica
Grêmio 2 x 0 Corinthians
Gols – Alessandro aos 44 minutos do primeiro tempo; Evaldo aos 18 minutos do segundo tempo.
Grêmio – Marcelo; Patrício, Pereira, Evaldo e Wellington; Jeovânio, Lucas, Marcelo Costa, Ramon (Paulo Ramos) e Alessandro (Nunes); Ricardinho (Pedro Júnior). Técnico: Mano Menezes.
Corinthians – Johnny Herrera; Coelho, Marcus Vinícius, Betão e Gustavo Nery; Mascherano, Marcelo Mattos (Renato), Ricardinho e Roger (Rafael Moura); Tevez e Nilmar. Técnico: Ademar Braga.
Juiz – Álvaro Azeredo Quelhas. (MG).
Cartão amarelo – Pereira, Jeovânio, Alessandro, Marcus Vinícius, Mascherano e Marcelo Mattos.
Renda e público – Não divulgados.
Local – Estádio Olímpico, em Porto Alegre (RS).