O Greenpeace realizou hoje um protesto na loja do Champagnat da rede de supermercados Carrefour, em Curitiba, rotulando diversos produtos que podem conter transgênicos em sua composição. Dezesseis ativistas da entidade também reorganizaram prateleiras, de forma que os produtos suspeitos de conterem transgênicos ficassem dispostos todos juntos. O objetivo era demandar que o governo federal implemente a legislação de rotulagem e realize a fiscalização necessária.
Durante o protesto, os ativistas também distribuíram para os consumidores a última edição de um Guia do Consumidor elaborado pela organização ambientalista, com listas de produtos que contém ingredientes transgênicos. “O intuito dessas propostas de atividades é oferecer ferramentas para que os consumidores possam exigir que seu direito à informação seja respeitado e possam manifestar que não querem consumir transgênicos”, disse Gabriela Vuolo, do Greenpeace.
Os ativistas entregaram uma carta à gerência do supermercado, solicitando que o direito do consumidor de ser informado seja respeitado. O Greenpeace também pediu que os produtos transgênicos sejam dispostos em prateleiras separadas dos não transgênicos, a fim de facilitar a escolha do consumidor e tornar a informação ainda mais evidente.
O Carrefour já faz o controle de origem de seus produtos e está na lista verde ? sem transgênicos ? do Guia do Consumidor. A direção da empresa informou ao Greenpeace que solicitará às indústrias, cujos produtos foram rotulados, dados sobre a presença ? ou não ? de organismos geneticamente modificados, a fim de garantir a informação necessária e obrigatória aos consumidores.
O Greenpeace diz que a rotulagem, em vigor desde março, não está sendo colocada em prática pelo governo ou pelas empresas. O decreto que trata do assunto determina que todos os produtos que contenham mais de 1% de matéria-prima transgênica venham com um rótulo que exiba essa informação. Além disso, exige que mesmo os produtos que não contenham o DNA transgênico em sua composição final (como óleos, margarinas e lecitinas de soja usadas em bolachas e chocolates), tenham impresso na embalagem a frase “fabricado a partir de (produto) transgênico”.
Agressão
A manifestação acabou em confusão com os ativistas e jornalistas presentes para a cobertura do acontecimento. Os seguranças e funcionários do supermercado tentaram impedir a continuação do protesto dentro da loja e agrediram, fisicamente e verbalmente, todos os envolvidos. O filtro da máquina fotográfica de um repórter foi quebrado e outro profissional teve seu cartão de memória, que armazena as fotos, confiscado pelo supermercado. O cinegrafista Hans Rosero, do Greenpeace, foi ferido no olho, mas passa bem.
Depois das agressões, jornalistas e ativistas permaneceram impedidos pelos funcionários do Carrefour de deixar a loja por cerca de meia hora. A polícia foi chamada e fez o procedimento padrão, com boletim de ocorrência. Os advogados das duas partes estiveram no local e acertaram que não vão fazer representações sobre o acontecido. O supermercado arcou com os prejuízos materiais dos fotógrafos.
O setor de comunicação do Carrefour informou que a empresa não é contra qualquer tipo de protesto ou o Greenpeace. Atestou que os produtos fabricados pelo supermercado não contém transgênicos, enfatizando que é apenas distribuidor de outras marcas. Segundo o assessor de imprensa do supermercado, Edson Di Fonzo, já foi solicitado para que os fornecedores cumpram o decreto.
Sobre as agressões, ele afirmou que o excesso foi em decorrência da própria situação e como ela se desenvolveu. De acordo com ele, funcionários do Carrefour não são orientados a impedir o trabalho de cobertura da imprensa. O supermercado ainda comunicou que as mercadorias danificadas durante o protesto não serão cobradas da organização.