Greenpeace inaugura em SP exposição sobre desastre de Bhopal

O Greenpeace inaugurou hoje em São Paulo, a exposição fotográfica ?Bhopal: Retrato de um Crime Corporativo?, do renomado fotógrafo indiano Raghu Rai, que com sua lente registrou as faces do pior acidente industrial da história, ocorrido em Bhopal, na Índia, em 1984.

Hoje, 18 anos após a tragédia, o Greenpeace solicita a urgente descontaminação e limpeza das áreas contaminadas, em Bhopal, na Índia, e em nosso país. No Brasil, infelizmente, também são encontradas áreas contaminadas, que representam riscos e danos ao meio ambiente e a nossa saúde.

A exposição apresenta fotos registradas por Rai logo após o acidente, em 1984, e dezessete anos depois, em 2001. Trabalhando com fotografia há 39 anos, Rai é um dos mais premiados fotógrafos internacionais, tendo publicado ensaios na Time, New York Times, Stern, Paris Match, Geo e National Geographic, dentre outros.

A tragédia de Bhopal, ocorrida na madrugada de 03 de dezembro de 1984, quando 40 toneladas de gases tóxicos fatais vazaram na fábrica de pesticidas da empresa norte-americana Union Carbide, é o pior desastre industrial ocorrido até hoje e é um exemplo de crime corporativo.

Aproximadamente 2.500 pessoas morreram nos instantes seguintes ao acidente e mais 8.000 morreram nos três primeiros dias após a explosão. Atualmente, de acordo com o Indian Centre for Medical Rehabilitation Studies (ICMR), pelo menos uma pessoa morre por dia devido a doenças relacionadas à exposição às substâncias tóxicas e 520.000 possuem, potencialmente, substâncias tóxicas circulando por suas veias; 150.000 possuem doenças crônicas e necessitam de assistência médica.

A fábrica da Union Carbide em Bhopal permanece abandonada desde a explosão tóxica e resíduos perigosos e materiais contaminados ainda estão espalhados pela área, contaminando solo e águas subterrâneas, dentro e no entorno da antiga fábrica. Em 2001, a Dow Química comprou a Union Carbide. Por esta aquisição, a Dow passou a ser responsável não apenas pelos ativos da empresa, como também por seus passivos ambientais e pelos crimes cometidos em Bhopal. No entanto, a Dow continua negando sua responsabilidade pelo crime cometido.

A Campanha Internacional por Justiça em Bhopal demanda que a Dow aceite sua responsabilidade pelo passivo ambiental e humano em Bhopal, limpe o local, forneça água limpa aos habitantes e garanta tratamento médico de longo prazo e indenizações adequadas. O Greenpeace também trabalha para que seja criada uma legislação internacional que assegure que empresas como a Dow sejam responsabilizadas pela poluição e pelos acidentes que suas operações causem, onde quer que seja.

“A Dow não pode fugir das suas responsabilidades em Bhopal, no Brasil, ou qualquer outro local do planeta. As corporações não podem comandar o mundo; elas devem servir aos interesses das comunidades”, comenta John Butcher, coordenador da Campanha de Substâncias Tóxicas do Greenpeace Brasil.

Antes de chegar a São Paulo, a exposição foi apresentada no Fórum Social Mundial 2003, em Porto Alegre.

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