Lembrando o aniversário de quatro anos da ação judicial que impede a liberação do plantio e a comercialização dos alimentos geneticamente modificados no Brasil, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e o Greenpeace promoveram, hoje pela manhã, um protesto em frente à Abia (Associação Brasileira das Indústrias Alimentícias).
Representantes das entidades preparam também um manifesto contra a liberação dos transgênicos; no entanto, nenhum representante da Abia se disponibilizou a recebê-lo. As entidades protocolaram o manifesto na portaria do prédio. O local foi escolhido porque a Abia apóia a liberação e o uso de transgênicos pelas indústrias de alimentos e manifesta-se contra a rotulagem adequada dos transgênicos, que garanta ao consumidor o direito à informação.
Autoras da ação judicial, única em todo o mundo a proibir a liberação dos transgênicos em âmbito nacional, as ONGs pretendem também alertar a população sobre os riscos que os transgênicos oferecem ao meio ambiente e à saúde humana, além da necessidade de rotulagem, caso haja a liberação dos transgênicos.
?Os transgênicos geram sérios danos ao meio ambiente, como a perda de biodiversidade. Além disso, não existe consenso dentro da comunidade científica de que eles sejam seguros para consumo humano. A indústria deve respeitar o consumidor garantindo alimentos livres de transgênicos?, comenta Tatiana de Carvalho, assessora da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace.
?O Decreto 3.871/01 que limita sobremaneira a rotulagem de transgênicos representa um desrespeito ao cidadão brasileiro e ao Código de Defesa do Consumidor. A Europa, que atualmente aceita a inclusão de 1% de transgênicos em seus alimentos, está modificando esse percentual para 0,5%. O Brasil não pode caminhar na contramão. Além de expor nossos cidadãos aos potenciais riscos dos transgênicos à saúde do consumidor, estaremos nos distanciando ainda mais do mercado europeu, o que é ainda mais incongruente dada a necessidade de aumentarmos as exportações?, diz Marilena Lazzarini, coordenadora-executiva do Idec.
Além de protestar e distribuir material informativo alertando a população sobre os riscos desses alimentos para a saúde e para o meio ambiente, o Idec e o Greenpeace encaminharão ao Presidente da República e aos candidatos à Presidência da República, José Serra e Luiz Inácio Lula da Silva, documentos questionando o seu posicionamento com relação ao tema.