O Greenpeace encaminhou ao Ministério Público Federal documentos apontando o desaparecimento de cerca de 48 mil metros cúbicos de madeira que haviam sido apreendidos pelo Ibama durante a Operação Verde Para Sempre, em 2003, na região de Porto de Moz (PA). A madeira desaparecida vale pelo menos R$ 10 milhões.
A madeira ilegal apreendida havia sido deixada em pátios, na área, sob a responsabilidade dos madeireiros Elias Salame e Paulo Pombo, entre outros, nomeados fiéis depositários perante a Justiça. Em sobrevôo realizado no final de maio o Greenpeace constatou o sumiço da carga. Salame é o presidente da Aimex (Associação das Empresas Exportadoras de Madeira do Pará).
Além de apreender a madeira extraída ilegalmente, o Ibama também havia suspendido ou cancelado todos os Planos de Manejo Florestal (PMFs) realizados pelos madeireiros na área. Entretanto, comunitários que vivem na região informaram ao Greenpeace que cerca de 6 balsas carregadas de madeira estão descendo o rio Jauruçu diariamente. Durante o sobrevôo, o Greenpeace documentou o transporte de tratores e máquinas sendo levados de balsa para a área de extração ilegal.
O Greenpeace apurou que os madeireiros infratores não pagaram as multas aplicadas pelo Ibama no ano passado. Durante a Operação Verde Para Sempre, o Ibama gastou cerca de R$ 400 mil e utilizou um efetivo de 70 pessoas entre técnicos, policiais federais, policiais militares e soldados do Exército.
Os cerca de 15 mil moradores da área estão pleiteando a sua transformação em reserva extrativista. O Greenpeace e uma rede de organizações não governamentais apoiam a criação da reserva como uma forma de conter a devastação em uma das regiões mais ameaçadas do Pará. O Governo Federal se comprometeu a criar a reserva este ano, mas está aguardando o posicionamento do Governo do Estado.
Plano parado
O Plano para Controle e Combate ao Desmatamento na Amazônia, orçado em R$ 400 milhões, ainda não recebeu os recursos adicionais necessários para sua implementação, prometidos pela presidência da República em fevereiro (cerca de R$ 300 milhões, uma vez que os demais R$ 100 milhões eram recursos já previstos no orçamento para 2004).
Para citar apenas a área de fiscalização, monitoramento e controle, uma das mais críticas para se deter as taxas alarmantes verificadas em 2003 (o segundo maior desmatamento da história, de 23.750 km2), dos R$ 67 milhões orçados, apenas R$ 4 milhões haviam chegado ao Ibama até a última semana. A compra de carros, computadores, GPS e rádios para equipar os escritórios locais, bem como a contratação de pessoas, previstos no plano, ainda não se concretizou.
Ao mesmo tempo, já há informações sobre grandes desmatamentos em curso em áreas críticas, como na região do rio Iriri, município de Altamira, na área conhecida como Terra do Meio, no Pará e no município de Lábrea (AM), onde houve grandes desmatamentos no ano passado.