O coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, culpou a ausência do Estado brasileiro na região, pela morte de Adilson Prestes, assassinado a tiros de fuzil em frente a sua casa em Novo Progresso, na manhã de sábado. ?Apenas com o fortalecimento das instituições públicas na região amazônica este tipo de crime poderá ser evitado no futuro?, disse Adário. ?Enquanto reinar a impunidade, o Pará continuará sendo o campeão da violência?, afirmou.
Prestes havia denunciado, no ano passado, ao Ibama, ao Ministério Público Estadual e ao Ministério Público Federal, o suposto envolvimento de políticos e madeireiros da cidade de Novo Progresso, no oeste do Pará, com a grilagem de terra e a exploração ilegal de mogno em áreas indígenas e terras da União.
Em uma entrevista à TV Globo gravada em Belém, em 2003, ele denunciou a ação do grupo e disse que estava sendo ameaçado: “A gente vem denunciando esses trabalhos escusos e temos sofrido várias ameaças”.
Prestes chegou a desenhar um mapa indicando os locais da exploração de mogno e apontou a existência de um cemitério clandestino. Na época, ele revelou também que sua mulher havia desaparecido em circunstâncias misteriosas.
Segundo reportagem exibida pelo Jornal Nacional, da TV Globo, no sábado (3/7), o promotor que investigou o caso acha que houve omissão. De acordo com a reportagem, a Polícia Civil do Pará teria aberto inquérito para apurar as denúncias do pecuarista, mas o delegado encerrou as investigações sem indiciar ninguém.
O relatório Observatório da Cidadania, do Faor (Fórum da Amazônia Oriental), afirma que, em junho de 2002, Adilson Prestes ficou 39 dias preso e foi torturado pela polícia do Pará. As informações constam do capítulo ?Impunidade, Uma Realidade Permanente?, da publicação.