Apenas 10% de toda energia utilizada no Brasil é gerada de fontes renováveis, como raios solares, biogás produzido a partir de lixo, esterco ou esgoto, biomassa gerada de restos agrícolas, serragem, biodisel, álcool e óleos in natura, vento e pequenas centrais hidrelétricas. Os 90% restantes são produzidos a partir das chamadas energias sujas (poluentes), como nuclear, carvão mineral e petróleo.
A informação é da organização não-governamental de defesa do meio ambiente Greenpeace, que na última terça-feira iniciou uma expedição, a partir da Praça da Sé, em São Paulo, com o objetivo de promover as energias renováveis. A caravana vai percorrer 14 mil quilômetros em 80 dias, passando por 21 estados e 33 cidades de grande porte. Hoje chega a Curitiba, por volta das 8h, na Praça Generoso Marques.
Segundo o coordenador da expedição, Sérgio Dialetachi, a utilização de fontes renováveis é bastante viável no Brasil. O País tem um grande potencial e diversos tipos de fontes disponíveis. Porém, além de a energia considerada limpa ser muito pouco utilizada, também não é de grande conhecimento da população em geral. “O Brasil tem um potencial muito grande e uma indústria praticamente pronta para ser desenvolvida. O que falta é uma política de governo que garanta recursos para pesquisa e utilização das fontes renováveis”, declara. “Com a expedição, queremos tornar o assunto mais conhecido pela população. A intenção é que os empresários, as universidades e os cidadãos comuns se unam e passem a pressionar o governo federal para que este trate da criação de uma política de desenvolvimento.”
De acordo com o Greenpeace, as fontes renováveis são capazes de assegurar a sustentabilidade da geração de energia a longo prazo, reduzir as emissões atmosféricas de poluentes, criar novas oportunidades de empregos e reduzir o desmatamento das florestas.
Para percorrer os 14 mil quilômetros, os integrantes da expedição estão utilizando uma carreta movida a biodisel e óleos in natura. O veículo transporta um contêiner de doze metros que abriga uma exposição multimídia sobre fontes de energia renováveis. O veículo atinge velocidade de 110 km/h, e tem um rendimento de quatro quilômetros por litro de biocombustível. “Toda a eletricidade necessária para o funcionamento da exposição e das atividades a serem desenvolvidas durante o trajeto será proveniente de 24 placas fotovoltaicas, que transformam a energia do sol, gerando 2.400 watts de eletricidade – o suficiente para alimentar simultaneamente dois computadores, um aparelho de TV, um DVD, um video-cassete, um datashow e doze lâmpadas fluorescentes. As placas estão fixadas na parte superior do próprio contêiner.”
Doação
Depois do término da expedição, programado para acontecer no próximo dia 19 de dezembro, o contêiner e os equipamentos serão doados à Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru, comunidade localizada a 420 quilômetros de Macapá, no Amapá. A idéia é que o contêiner gere energia para apoiar a atividade produtiva de uma pequena fábrica de extração de óleos naturais existente na região.