Greenpeace bloqueia partida navios militares para o Golfo Pérsico

O barco Rainbow Warrior, pertencente à organização ambientalista Greenpeace, bloqueou ontem pela manhã a partida de navios ingleses contendo suprimentos militares e que se dirigiam ao Golfo Pérsico. O Rainbow Warrior ocupou o porto militar Marchwood em Southampton, na costa sul da Inglaterra, desceu sua âncora e bloqueou a saída, enquanto ativistas escalaram e acorrentaram-se às correntes do navio de suprimentos Magdelena Green; equipes em botes infláveis também pintaram as palavras ?Guerra Não!? nas laterais do navio.

Navios comandados por civis também foram carregados dia e noite com helicópteros, caminhões, tanques, e outros aparatos militares. O protesto pacífico que o Greenpeace está realizando faz parte de uma campanha global para evitar um ataque militar ao Iraque.

No final da tarde de ontem, os ativistas que ainda estavam a bordo do cargueiro foram removidos do local por escaladores da polícia, sendo libertados em seguida. O Rainbow Warrior permaneceu em posição e continuou bloqueando o carregamento e a partida dos navios.

Durante a madrugada, uma forte tempestade obrigou o barco da organização a erguer a âncora. Era impossível permanecer em posição, mesmo com os motores ligados, então a decisão foi de mover o barco para fora do porto. O Rainbow Warrior conseguiu ancorar de maneira mais segura em mar aberto e permanecerá por lá até que seja seguro continuar com a campanha.

?Nós estamos determinados a parar com essa corrida para uma guerra que está mais preocupada com petróleo do que com sangue. Uma guerra contra o Iraque não tornaria o mundo mais seguro: ela simplesmente aumentaria o apoio ao terrorismo e poderia levar ao uso de armas de destruição em massa. Os impactos humanos e ambientais serão desastrosos e ninguém seria beneficiado, a não ser George W. Bush e companhias de petróleo como a ExxonMobil?, disse Stephen Tindale, diretor- executivo do Greenpeace Reino Unido, a bordo do Rainbow Warrior.

O Greenpeace se opõe à guerra contra o Iraque ? independentemente do ataque ser ou não aprovado pela Organização das Nações Unidas ? porque ela traria consequências devastadoras para os seres humanos e meio ambiente. De acordo com especialistas militares e da área de saúde, uma guerra convencional poderia matar mais de 200 mil pessoas, principalmente civis, e mais 250 mil poderia morrer em decorrência de fome e doenças (MEDACT). Se a guerra evoluir e envolver armas químicas e/ou nucleares, o número de mortes poderia alcançar a casa dos milhões.

Segundo o Greenpeace, a guerra é obviamente motivada pelo petróleo. As mesmas forças que estão apoiando a guerra estão também se opondo à entrada dos EUA no Protocolo de Kyoto, que poderia combater as mudanças climáticas. O governo britânico anunciou, recentemente, que uma das cinco prioridades para a política internacional do Reino Unido é assegurar o acesso à energia. Ainda assim, Blair nega que um possível ataque ao Iraque estaria relacionado ao petróleo.

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