O candidato oficial do PT à presidência da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalg (SP), criticou duramente, ontem à noite, a falta de empenho do governo, sobretudo dos ministros políticos, em favor de sua campanha. Em meio a uma disputa acirrada para o comando da Câmara, que divide a base governista, a avaliação feita durante jantar na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP) é de que os ministros precisam atuar mais junto às bancadas. Pelas contas dos líderes do PMDB, PT, PP, PSB e PL, presentes ao encontro, Greenhalgh teria de 230 a 260 votos. O quorum previsto pelos estrategistas da campanha é de 495 a 500 parlamentares no dia da eleição marcada para 14 de janeiro.
Os ministros da Saúde, Humberto Costa, e da Integração Nacional, Ciro Gomes, foram os principais alvos de queixas de Greenhalgh e dos líderes partidários que estavam no jantar. Os dois ministros estariam dificultando o apoio de aliados ao candidato oficial à medida em que mantêm um péssimo relacionamento com os deputados. Os líderes reclamaram que muitos convênios firmados com os ministérios para realização de obras nos estados e municípios foram cancelados no dia 31 de dezembro surpreendendo a todos. "Ninguém dá satisfação", reagiu um parlamentar.
O líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO), contou que há um ano tenta uma audiência com Humberto Costa, conhecido na Câmara como Bin Laden. " O ministro da Saúde foi desossado no jantar", brincou um deputado. Todos os problemas, na avaliação de Greenhalgh, contribuem para aumentar o grau de insatisfação nas bancadas e, consequentemente, minar sua candidatura. O líder do PC do B, deputado Renildo Calheiros (PE), alertou sobre o risco de a eleição para o comando da Câmara se transformar em vingança dos descontentes com o governo. "Alguns ministros do governo estão agindo como inimigos do candidato oficial", concordou outro líder.
Diante do clima de descontentamento, os ministros da Casa Civil, José Dirceu, e da Coordenação Política, Aldo Rebelo, saíram do jantar convictos de que precisam agir rápido e enquadrar os auxiliares do presidente Lula, já que o governo está com dificuldades na Câmara.