O índice de gravidez na adolescência em Curitiba ficou em 16% em 2004, confirmando a tendência de redução das taxas iniciada há sete anos. Em 1997, o índice era de 19,9%, na faixa de mães entre 10 e 19 anos. A partir de 1999, com as intervenções dos programas Mãe Curitibana, Planejamento Familiar e Adolescente Saudável, as taxas começaram a cair. A queda envolve gestantes atendidas ou não pelo SUS.
Dados da Secretaria Municipal da Saúde mostram que em 2004 nasceram 24.946 bebês, sendo 4.025 de mães adolescentes (10 a 19 anos). Em 2000, nasceram 5.553 crianças de mães adolescentes – 173 tinham de 10 a 14 anos e 5.380, entre 15 e 19. Dos bebês nascidos no ano passado, 116 são filhos de mães entre 10 e 14 anos e 3.909 de mães na faixa dos 15 aos 19. A redução por faixa é respectivamente de 33% e 27%.
O índice de Curitiba se aproxima do estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para países desenvolvidos – taxa de 10% para mães menores de 20 anos. O coordenador do Programa Mãe Curitibana, médico Edvin Javier Boza, atribui a redução da gravidez na adolescência às atividades de educação em saúde e à disponibilização de métodos anticonceptivos, incluindo os específicos para adolescentes.
"Pelo Programa Mãe Curitibana, a gestante tem a garantia de assistência antes, durante e depois do parto, além das oficinas para mães e o acesso a todos os métodos anticoncepcionais, fator decisivo no que diz respeito à gravidez na adolescência, incluindo, no caso dos preservativos, a prevenção à aids e outras doenças sexualmente transmissíveis", afirma o coordenador.
Antes da implantação do Mãe Curitibana (1999), 28% das unidades de saúde registravam um índice de gravidez na adolescência acima de 30% em sua área de abrangência. Hoje, só seis, das 107 unidades beiram os 30%, ou até menos. Um exemplo é a Unidade de Saúde Vila Esperança, no Atuba, onde o índice chegou a 37% e caiu para 31%. O resultado veio do esforço conjunto de vários órgãos da Prefeitura, Secretaria da Saúde e comunidade.
Já o Adolescente Saudável atua em várias frentes. "Além do cuidado com a saúde integral do adolescente, há todo um trabalho intersetorial, em áreas de maior risco, com diversos parceiros, onde se trabalha a orientação do adolescente, com ações em escolas e junto à comunidade, como forma de resgatar competências, inclusive da família", explica a coordenadora do programa, Júlia Cordellini.
A idéia é promover a atenção integral ao adolescente, tratando desde o crescimento puberal, saúde nutricional, saúde sexual e saúde bucal, até os riscos das drogas. As ações têm o reforço do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, lançado em 2003, que oferece orientação sexual e disponibiliza aos alunos preservativos masculinos. O preservativo faz a dupla proteção: previne contra a gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis.
O projeto teve início em 14 escolas – sete municipais e sete estaduais -, envolvendo quase 5 mil alunos de 7ª e 8ª série. Um ano e meio depois de lançado, foi ampliado para 23 escolas, 11 municipais, das quais quatro estenderam o projeto para os alunos do turno da noite, e 13 estaduais. O total de alunos envolvidos pulou para 11.551. Estão envolvidas no trabalho 23 unidades municipais de saúde.