Uma reforma tributária profunda será essencial para que os ratings de crédito do Brasil sejam elevados para grau de investimento, disseram dois dos principais analistas da Standard & Poor’s. Durante seminário em São Paulo, a diretora de ratings soberanos da S&P para América Latina, Lisa Schineller, e o diretor-gerente para Finanças Públicas da agência, David Beers, disseram que o Brasil melhorou sua capacidade de enfrentar crises externas, mas precisa focalizar maneiras de promover um crescimento econômico mais rápido.
Segundo Schineller, a maneira como o Brasil manterá sua disciplina fiscal e melhorará sua estrutura tributária será o determinante para a melhora dos ratings do País (atualmente, o rating atribuído à dívida soberana do Brasil é BB, dois pontos abaixo do grau de investimento, com perspectiva positiva). Indagada sobre se o País poderá ter seu rating elevado para grau de investimento mesmo sem reformas na estrutura tributária e na Previdência e sem reduções fortes dos gastos públicos, Schineller disse que "se o Brasil mantiver suas políticas atuais seria possível ao país alcançar grau de investimento, mas o ritmo seria muito mais lento do que o esperado pelos participantes do mercado". Alguns analistas prevêem que o grau de investimento será alcançado em 2008, mas os diretores da S&P se recusaram a fazer previsões de prazos.
Sobre os dados do PIB do terceiro trimestre, divulgados nesta quinta-feira (30) pelo IBGE, Schineller disse que a expansão de 3,2% ficou "dentro das expectativas". Ela prevê que o crescimento em 2006 fique entre 2,9% e 3,0%. Segundo ela, a previsão da S&P no começo do ano era um crescimento de 3,5%, mas ela foi rebaixada por causa dos dados fracos do segundo trimestre. Beers disse que o crescimento registrado no terceiro trimestre não terá impacto no rating de crédito do Brasil. "Nós olhamos para o médio prazo", acrescentou. As informações são da Dow Jones.
