O primeiro vestibular da Universidade do Litoral, realizado na quinta e sexta-feira em Matinhos, transcorreu sem nenhum incidente. Segundo o presidente da comissão do concurso, professor José Carlos Rohn, são 294 candidatos concorrendo a 50 vagas do curso de Pedagogia.
A maioria deles, aponta uma pesquisa, vem da escola pública e o que os levou a prestar o vestibular da Universidade no Litoral foi a gratuidade do ensino superior (55%). A instituição é vista também como a única que está oferecendo o curso de Pedagogia, fundamental para o desenvolvimento das suas aptidões profissionais.
"A Universidade do Litoral é um grande desafio porque é um modelo absolutamente novo no país, que surge com a formação de um consórcio universitário, unindo a Universidade Federal do Paraná, as universidades estaduais e o Cefet", disse o secretário de Educação de Matinhos, Archimedes Maranhão.
Dos candidatos, ainda de acordo com a pesquisa, 186 estudantes moram em Matinhos, 41 em Morretes, 34 em Guaratuba e o restante entre Paranaguá, Pontal do Paraná, Guaraqueçaba e Antonina. 88% deles nasceram no Paraná, 8% em Santa Catarina, 2% em São Paulo e 1% no Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
Expectativa
A candidata Janaína de Borba, moradora de Morretes, acredita que a Universidade do Litoral irá impulsionar o desenvolvimento da região e por isso decidiu estudar Pedagogia, mesma profissão da mãe e das tias. "Para quem mora aqui, no litoral, a universidade vai ser muito boa. Com pessoas mais bem preparadas, tudo vai melhorar", apostou.
Outro dado que chama a atenção na pesquisa é o fato de 73% deles nunca terem freqüentado um cursinho preparatório para o vestibular. Já no item "renda familiar", 50% está na faixa de um a três salários mínimos; 35% de três a seis salários mínimos; 11% superior a seis salários mínimos; e 4% até um salário mínimo.
"Eu não teria condições de fazer uma faculdade em outro lugar", conta o candidato Edson Ceratto. Ele diz que mora perto da Universidade do Litoral e que está satisfeito em poder se preparar melhor. "É, sem dúvida, uma boa iniciativa", comemorou.
A pesquisa também apontou que 33% dos candidatos trabalham, são responsáveis pelo próprio sustento e contribuem parcialmente com as despesas da família. Outros 26% trabalham mas não recebem nenhum tipo de ajuda. Durante o curso, 47% pretendem continuar trabalhando em tempo integral já no primeiro ano do curso; 35% em tempo parcial; e 14% não precisaram o que pretendem fazer.
O curso de Pedagogia na Universidade no Litoral funciona como uma extensão da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (Fafiapar). A criação da instituição foi uma prioridade empreendida pelo governador Roberto Requião. A divulgação do resultado está prevista para o dia 10 de dezembro e a matrícula será feita nos dias 5 e 6 de janeiro.
Comércio
No comércio local a expectativa com o início do funcionamento da Universidade do Litoral também é muito positiva. "Estou apostando num crescimento de 50% nas vendas em um curto prazo de tempo", disse a comerciante Rosimeire Reis, há dez anos morando em Matinhos.
O gerente-administrativo de uma pousada no litoral, Alide Omaire, também acredita que ocorrerá uma grande mudança na região. "Nós vivemos do turismo e esses cursos representam uma vitória muito grande para todos nós. Eu também pretendo prestar o vestibular", contou.
Outros cursos
A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior pretende implantar nos dois próximos anos, no mesmo sistema de parceria, os cursos de Educação Física, Turismo, Gestão Ambiental e outros de nível técnico. Todos funcionarão na sede da antiga Associação Banestado, em Matinhos, cujo imóvel foi adquirido pelo governo estadual por R$ 2,8 milhões.
"O compromisso de revitalização do litoral paranaense feito pelo governador Roberto Requião começa a ser cumprido", disse o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi. "A Universidade no Litoral é um programa que contempla a inclusão social e o desenvolvimento sócio-econômico regional".