São Paulo – Os números da balança comercial no triênio 2003-2005 mostram excepcional evolução do comércio exterior brasileiro, mas o País está longe de ser o sucesso exportador alardeado pelo governo. Levantamento realizado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostra que nenhum caso relevante de inserção exportadora levou menos de 20 anos para se consolidar. Ao mesmo tempo, entre os países que se destacam no comércio exterior mundial, o crescimento médio das vendas externas correspondeu ao dobro do registrado nas exportações mundiais.
As exportações brasileiras foram de US$ 60 bilhões em 2002, passando para US$ 118 bilhões em 2005. O crescimento médio anual foi de 25%, acima dos 17,1% da média mundial para os três anos, mas inferior ao dobro verificado nos países de posição mais consolidada. O estudo do Iedi levou em conta o desempenho exportador de Alemanha e Japão, entre os países desenvolvidos, e China, Cingapura, Coréia, Hong Kong, Índia, Irlanda, Malásia, México e Taiwan, entre os países em desenvolvimento.
"É verdade que desde o período 1973 a 1975 não se assistia a desempenho tão brilhante", diz o diretor-executivo do Iedi, Julio Gomes de Almeida. "A comemoração dos resultados do último triênio é justa, mas deveríamos estar mais preocupados em assegurar que o dinamismo se prolongue por, pelo menos, mais uma década e meia." Isso porque o desempenho positivo praticamente não alterou a inserção do País no mercado mundial. Entre 2003 e 2005, a participação do Brasil no total das exportações mundiais passou de 0,9% para 1,1%, uma posição marginal.
A insegurança quanto à consolidação do processo de inserção do Brasil na economia mundial deve-se ao fato de que o atual momento de crescimento abre uma enorme janela para os países em desenvolvimento, como não se viu antes. Para os empresários, a questão é que o Brasil não está conseguindo aproveitar a oportunidade por conta da queda na competitividade e do baixo crescimento econômico.
O Iedi acredita que o sucesso exportador, além de ser muito recente, não é tão vigoroso quando comparado com casos de êxito, a ponto de o governo prejudicar o setor exportador com a política cambial e com a retenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "Os ganhos atuais ajudarão a reduzir a antiga vulnerabilidade externa, mas possivelmente não conseguirão realizar uma verdadeira revolução exportadora e alavancar um crescimento econômico maior", avalia o Iedi.