O professor Sérgio Leite, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, afirmou, nesta quinta-feira, no Seminário Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, que uma grande parte da população brasileira ainda está excluída da política do governo de reforma agrária. O seminário é promovido pelo promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
"É uma pena que a atual política de reforma agrária não privilegie a construção de áreas reformadas, ou seja, a construção de regiões de alta densidade de assentamentos e famílias assentadas", afirmou o professor. Segundo ele, "nesse contexto de alta densidade, famílias e projetos conseguem redinamizar econômica, política e socialmente determinadas regiões".
Sérgio Leite lembrou que, mesmo com um crescimento de 5% na agricultura e no agronegócio, esse resultado não significa um grande diferencial. "Esse modelo de crescimento não gera necessariamente empregos ou desloca populações. Tem, na verdade, uma relação predatória como meio ambiente e desvia, diminui e constrange a capacidade da população doméstica, particularmente mais pobre, de ascender aos meios alimentares", afirmou.
De acordo com o professor, é necessário realizar discussões que reforcem a agricultura familiar, o respeito às comunidades nativas e a capacidade de integrar uma margem significativa de população brasileira no processo real da reforma agrária. "Só assim é esses assentados passaram a ter inclusão bancária. Só a partir do assentamento, é que 97% dessas famílias ascenderam pela primeira vez ao crédito rural. Porque antes, de certa forma, eram hostilizados pelos bancos", completou.