Brasília – Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter criticado os governadores que não gastaram dinheiro repassado pelo governo federal para melhoria das estradas, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciou que a União decidiu retomar o controle sobre 14,5 mil quilômetros de rodovias sob administração estadual. A retomada, porém, terá caráter temporário.

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"A situação das estradas não é boa e como isso está prejudicando a população", afirmou Dilma. "Achamos que não cabe, agora, disputar de quem é a culpa, mas assumir a responsabilidade política de retomar as estradas e as obras."

A partir de agora, o governo federal não vai mais transferir para os Estados dinheiro para a recuperação desses 14,5 mil quilômetros. "Vai é fazer as obras, como já está fazendo nas estradas que são federais e não tinham sido estadualizadas", reforçou a ministra.

"A decisão política já foi tomada e no início de janeiro haverá reuniões com os governadores para discutir caso a caso o que houve", disse a ministra, avaliando que "apesar de o governo federal ter feito a parte dele" as estradas estão em péssimas condições. "Não assumimos que houve falha de nossa parte", acrescentou.

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As estradas foram transferidas para 16 Estados em dezembro de 2002, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso – e o dinheiro foi repassado logo em seguida. Só que as verbas teriam sido usadas pelos governadores para outras finalidades, como o pagamento do 13.º salário.

Segundo a ministra, a discussão com os governadores vai esclarecer o que houve exatamente para que o dinheiro não tenha sido empregado nas estradas. Ajudará, ainda, a definir mecanismos para que coibir a ocorrência de desvios desse tipo quando as estradas voltarem para o controle dos Estados.

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A ministra não soube informar que fórmula financeira e jurídica permitirá a retomada dos investimentos em estradas. "Ainda estamos estudando", foi seu comentário. Lula já sugeriu que 70% do dinheiro seja desembolsado pelo governo federal e 30% pelos Estados. Dilma que está em estudo a possibilidade de os governos estaduais usarem como contrapartida a parte repassada pela União da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) – imposto embutido no preço dos combustíveis e criado justamente com o objetivo de financiar a melhoria das rodovias.

O governo Fernando Henrique foi alvo de críticas de Dilma. "Recebemos 37 mil quilômetros de estradas os mais deploráveis possíveis e estamos tentando recuperá-las", disse. "Reconstruímos o Brasil. O País vivia um apagão de planejamento."