Governo quer prazo para acabar reforma agrária

Está ganhando corpo nos bastidores do governo federal uma polêmica sobre como deve ser encaminhada a reforma agrária num eventual segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para alguns integrantes do governo está na hora de deixar de tratar o assunto como uma "luta histórica" e passar a definir prazos para sua conclusão.

No decorrer dos debates eles citam José Gomes da Silva, pai do ex-assessor especial de Lula José Graziano e um dos maiores especialistas sobre o assunto no Brasil. Para ele, a reforma agrária deveria ser entendida como um processo que tem começo, meio e fim.

Uma das pessoas ouvidas com mais atenção nesse debate é o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto. Acadêmico, especialista em reforma agrária e identificado com os movimentos sociais de sem-terra, ele diz que nada está definido. Nem mesmo a revisão dos índices de produtividade, que determinam quando uma área pode ser desapropriada para a reforma agrária.

Defensor da revisão dos atuais índices, que estariam desatualizados, o ministro diz que o presidente só deve tomar alguma decisão num eventual segundo mandato: "Os números divulgados ainda são estudos, não há nenhuma decisão.

Ele tem conversado com setores mais à esquerda e mais à direita do governo e fora dele sobre a reforma.

O ministro também lembra que "todas as revoluções do mundo começaram quando mexeram na terra".

No desenho de uma política agrícola para um eventual segundo mandato de Lula, Guedes Pinto tem defendido uma atuação mais integrada entre Agricultura e Desenvolvimento Agrário nos programas de agricultura familiar. "Temos de agir integradamente porque somos parte do mesmo governo", diz.

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