O Ministério de Minas e Energia estuda incluir no Plano Decenal de Energia que deverá ser divulgado em junho, a possibilidade de uso de 100% de biodiesel (B 100) na frota dos produtores de soja informou nesta quinta-feira (31) o superintendente de Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Gelson Baptista Serva, em apresentação para executivos do setor na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

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Segundo ele, projeção realizada pela EPE indica que se todos os produtores de soja substituíssem o diesel fóssil pelo óleo vegetal, seriam necessários 6 bilhões de litros anuais. "É claro que não estamos falando de 100% de caminhões usando esse componente, mas sim uma alternativa para a redução do uso de óleo diesel fóssil, que hoje é importado pelo país", disse.

Atualmente, apenas a bistura B2, ou seja, 2% de óleo vegetal na fórmula de óleo diesel, é autorizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a previsão é de elevar esta mistura até 5% a partir de 2013. Apesar disso, a mistura B 100 já vem sendo usada clandestinamente por produtores de soja da região Centro-Oeste. "Apesar do preço do óleo de soja estar alto, acaba compensando para o produtor o seu uso nos caminhões e máquinas agrícolas, porque o combustível acaba saindo sem impostos e muito mais em conta do que o óleo diesel", afirmou.

Diesel fóssil

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Outra possibilidade estudada pelo governo, disse Serva, é de substituição do diesel fóssil por biodiesel nas usinas termelétricas existentes nos sistemas isolados da região Norte. A idéia, explicou, seria incentivar o cultivo da palma, que é propícia para a região amazônica, utilizando apenas as áreas já desmatadas.

Estimativa feita pela EPE aponta que seriam necessários 1 bilhão de litros de biodiesel para abastecer as térmicas do sistema isolado e o custo do combustível sairia por R$ 2,05 o litro, ante o diesel comprado hoje para abastecer as usinas, que é de R$ 2,08. "É claro que esse diesel é compensado pelo pagamento da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) na conta do consumidor nacional. Esse tipo de subsídio teria que ser reestudado", disse.

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Segundo ele, apesar de haver críticas à utilização da área desmatada na Amazônia para essa finalidade, o número de hectares seria mínimo. Segundo cálculos da EPE hoje existem 50 milhões de hectares desmatados possíveis de serem ocupados pelo cultivo, mas para abastecer todo o sistema isolado de geração de energia elétrica da região Norte seriam necessários apenas 200 mil hectares.

"Apenas para se ter uma idéia, mesmo que utilizássemos B100 em toda a frota nacional, poderíamos ocupar com a palma, que tem produtividade acima das outras oleaginosas, um total de 7,35 milhões de hectares dessa floresta", considerou.