O Governo do Estado está promovendo a inclusão social de 86 comunidades negras, chamadas de quilombolas porque se originam dos antigos quilombos ? redutos de escravos foragidos ? e que ao longo dos anos se tornaram locais de convivências de seus descendentes. O programa ?Revelando um Paraná Quilombola? foi apresentado durante a Escola de Governo com a presença de lideranças negras das comunidades de Campo Largo, Guarapuava, Doutor Ulisses e Adrianópolis.

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?O Governo do Paraná procura apagar a nódoa que oculta as comunidades quilombolas, tradicionais comunidades negras e terras de negros no Estado do Paraná, historicamente escondidas e não reconhecidas por todos os governos que antecederam ao atual. O governo está ouvindo os quilombolas, o que é inédito na história do país, para que a partir de agora essas comunidades possam se desenvolver com mais segurança, com seus direitos de cidadania garantidos?, disse Glauco Souza Lobo, representante do Grupo de Trabalho Clóvis Moura, responsável pelo levantamento e diagnóstico dessas comunidades.

Ele conta que, inicialmente, acreditava-se na existência de três comunidades quilombolas em todo Estado ou seja as mais conhecidas, com a Comunidade Sutil, em Ponta Grossa, Invernada do Paiol de Telha, em Guarapuava e a comunidade negra de Doutor Ulysses, no Vale da Ribeira. ?Mas quando a Secretaria da Educação resolveu, há dois anos atrás, realizar o primeiro encontro de educadores negros, descobrimos a existência de pelo menos 12 comunidades negras no Paraná. Logo, eram 22 e, agora, temos o indicativo de 86 comunidades?, informou.

Segundo ele, o grupo de trabalho já visitou 50 comunidades, das quais 14 já são reconhecidas pelo Governo Federal e pela Fundação Quilombo dos Palmares como quilombolas. ?Outras 20 comunidades estão com o processo de reconhecimento em andamento. Mas, antes mesmo deste reconhecimento, essas comunidades já estão sendo atendidas pelo Governo do Estado, através de várias secretarias e órgãos públicos?.

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O secretário estadual da Educação, Maurício Requião, que recentemente participou da Ação Pública para a Inclusão das Comunidades Negras Rurais e Urbanas, em Adrianópolis, no Quilombo João Surá, e vem patrocinando o levantamento e o diagnóstico social dessas comunidades, afirmou que o governo está garantindo a essa população todos os direitos: educação, moradia, água tratada, luz, entre outros.

O Quilombo João Surá completa 200 anos de existência e, ao longo de sua história, conseguiu manter sua cultura com muita luta. ?Portanto, é fundamental que eles se valorizem, entendam o valor de sua tradição. A civilização ocidental tenta desvalorizar essa sabedoria, mas eles conseguem mantê-la, tanto através da arquitetura, culinária, danças, músicas, religião, quanto nas tarefas diárias?.

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O programa de inclusão social destas comunidades conta ainda com a participação da Secretaria da Cultura, que através do Projeto Paraná da Gente prepara um livro sobre os aspectos culturais dos negros. O secretário para Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira, também garantiu estruturas para a inclusão digital e o desenvolvimento da comunidade. ?O governo está estendendo às comunidades quilombolas os direitos oferecidos aos cidadãos urbanos. Eles vivem dignamente, mas em condições que se assemelham às do tempo da abolição, e é preciso oferecer alternativas de novos caminhos. Precisamos trazê-los ao século XXI?, disse.