Governo prepara campanha para erradicar caramujo-africano no litoral

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) inicia nos próximos meses uma campanha de erradicação do caramujo-africano no litoral paranaense.

Durante reunião realizada nesta terça-feira (30), na sede do IAP de Paranaguá, entre técnicos do Instituto e pesquisadores, foi discutida a necessidade de uma capacitação para alunos e membros da comunidade litorânea e ampla divulgação sobre a espécie para posteriormente iniciar o trabalho de recolhimento e erradicação.

?Este caramujo foi trazido ilegalmente da África na década de 80 como alternativa econômica para substituir o escargô (molusco utilizado na culinária francesa) e, como não foi apreciado na cozinha brasileira, os criadores ilegais foram abandonando as atividades, fazendo com que escapassem para o meio ambiente?, explicou secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues.

De acordo com o secretário, devido à falta de um predador natural o caramujo-africano está se proliferando rapidamente por todo o litoral, ameaçando a fauna e a flora silvestre. ?Estamos lançando já na próxima semana uma campanha de orientação sobre o caramujo-africano, incluindo costumes e hábitos do molusco, riscos à saúde, manuseio, e dicas de higiene para mantê-los afastados das casas e quintais?, contou o secretário. Ele comentou ainda que o caramujo-africano é um problema mundial.
Hábitos – Cada fêmea do caramujo tem capacidade para produzir até 400 ovos, atingindo a idade adulta em apenas seis meses. Na forma adulta, o caramujo pode atingir 15 centímetros de concha e mais de 200 gramas de peso total.

O caramujo escala muros e edificações. Alimenta-se de grãos armazenados, folhas, flores e frutos de diversas espécies, destruindo totalmente as plantas. Ocorre em bordas de matas, margens de brejos, hortas e pomares, plantações, terrenos baldios urbanos, quintais e jardins. O molusco é resistente às baixas temperaturas do inverno, quando hiberna, e à seca e ao sol intenso. Prolifera-se muito na estação chuvosa.

Controle biológico

O biólogo formado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) Paraná e Pesquisador do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Colley, possui um estudo pioneiro no país sobre o caramujo-africano e ficou satisfeito com a iniciativa do governo do Paraná. ?É uma excelente proposta de parceria e só teremos resultados com a união da população, comunidade cientifica e dos órgãos ambientais?, destacou Colley, que desde 2002 pesquisa a espécie para conhecer o problema da invasão no Brasil com adaptações à realidade do Paraná.

?O primeiro trabalho foi realizado na Ilha Rasa, em Guaraqueçaba, envolvendo etapas como o diagnóstico, protocolo para desenvolvimento do projeto, ação de acordo com a realidade de cada município e monitoramento?, enumerou Eduardo. O pesquisador reforça que o trabalho deverá ser feito de forma diferenciada entre moradores e veranistas. ?O veranista vem ao litoral para descansar e passar suas férias sem grandes preocupações com o lixo, esgoto e quintal, por exemplo, que são os locais preferidos do caramujo. Já o morador vive esta realidade mais de perto?, relatou o pesquisador.

O chefe do escritório do IAP no litoral, Reginato Bueno, disse que a idéia é unir esforços com as Universidades para controlar a reprodução destes moluscos. ?O primeiro passo é capacitar os universitários e moradores que atuarão na campanha. Cada balneário ou região do litoral possui características específicas e devem ser trabalhadas de forma diferenciada para garantirmos bons resultados?, ressaltou Reginato.

Para a professora da área de Meio Ambiente e Biodiversidade da UFPR Litoral, Liliane Tiepolo, as espécies exóticas e invasoras podem levar a extinção dos recursos naturais e das espécies nativas. ?É um trabalho importante e que os 90 alunos dos cursos de gestão ambiental e agroecologia já demonstraram interesse em participar. Estaremos convidando ainda alunos da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Paranaguá (Fafipar)?, disse Liliane.

Riscos

O caramujo-africano pode transmitir doenças como a Angiostrongilíase Meningoencefálica Humana e Angiostrongilíase Abdominal. Como o caramujo é encontrado no meio urbano em locais sujos, com lixo, ele pode transmitir outras doenças mais comuns.

O IAP orienta a população que ao identificar um caramujo em sua residência ou outro local não toque no molusco sem que as mãos estejam protegidas com luvas ou sacos plásticos. O caramujo também não deve ser jogado em rios ou córregos. A comercialização e a criação desse caramujo são proibidas em todo território nacional e estão sujeitas às sanções legais, previstas no Decreto nº 3.179/99.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo