A retomada das obras da usina nuclear de Angra 3 é questão resolvida pelo governo. A decisão de concluir a usina amadureceu após demoradas avaliações e já estava consumada antes da eleição. A conclusão da usina consta do plano decenal de investimentos no setor de energia, elaborado este ano pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), e depende apenas de aprovação pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
O projeto deve consumir cerca de US$ 1,7 bilhão. As obras foram interrompidas há mais de 20 anos, e só a manutenção dos equipamentos, já adquiridos e avaliados em torno dos US$ 750 milhões, custa perto de U$ 20 milhões por ano. Mas, antes mesmo do anúncio oficial da retomada, a usina já vem enfrentando a resistência de setores da sociedade. Ontem, a Justiça Federal do Rio acatou pedido de liminar feito pelo Ministério Público Federal de Angra dos Reis, suspendendo o processo de licenciamento ambiental da usina.
O secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Estado do Rio, Wagner Victer, ressalta que a retomada das obras tem que receber o aval do CNPE. Victer conta que pediu ao ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, a convocação de uma reunião específica para tratar do assunto. As discussões estão suspensas desde abril do ano passado, quando o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, pediu vistas do processo em meio a uma votação que encaminhava-se para uma derrota dos defensores da usina.
Na reunião, os Ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente votaram contra a conclusão da usina. Já a pasta de Ciência e Tecnologia votou a favor. Na sua vez de emitir opinião, Dirceu pediu mais tempo para avaliar os estudos. Mais tarde, declarou que daria voto favorável à obra, mas o tema caiu em segundo plano após o início da crise do mensalão, que culminou com sua saída do ministério.