O governo brasileiro pediu ao norte-americano o bloqueio de todas as contas do publicitário Duda Mendonça nos Estados Unidos. A informação foi dada hoje pelo diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), Antenor Madruga, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios. O DRCI sabe da existência de duas contas de Duda Mendonça em Miami, desde novembro.
No testemunho à CPI, Madruga afirmou que recebeu os dados das autoridades americanas sobre a offshore Dusseldorf em 1.º de novembro. A Dusseldorf é nas Bahamas, mas a conta fica no BankBoston em Miami. O publicitário disse, em agosto, durante depoimento à CPI dos Correios, que recebeu R$ 10,5 milhões nessa conta referentes ao pagamento de parte da campanha do PT em 2002.
O DRCI tomou conhecimento da segunda conta de Duda Mendonça nos EUA em 21 de novembro. "Soubemos da existência dessa conta pelo Ministério Público Federal (MPF), que nos mandou um e-mail, sem muitos detalhes, sobre a conta. O Ministério Público recebeu essas informações dos Estados Unidos" afirmou Madruga.
Durante o depoimento, o diretor do DRCI disse que não vê motivos para a Promotoria de Nova York impedir o acesso da CPI aos dados enviados com a quebra do sigilo bancário e fiscal da conta Dusseldorf. Madruga fez um relato pormenorizado dos esforços do departamento para conseguir que a comissão possa compartilhar os dados, que estão com a Polícia Federal (PF) e o MPF, além do DRCI. "Junto com os documentos da Dusseldorf, veio uma carta em que estava expresso para que eles não fossem compartilhados com a CPI", disse.
O diretor do DRCI recomendou aos integrantes da CPI que tentem obter o compartilhamento dos dados da conta de Duda Mendonça pelos caminhos diplomáticos, com a ajuda do Itamaraty. Madruga argumentou que os documentos estão no Brasil e que, por isso, não vê sentido na proposta para que a CPI entre na Justiça americana pleiteando os dados da conta Dusseldorf. Ele também desaconselhou que a CPI entre no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o compartilhamento dos documentos, a fim de evitar futuras represálias do governo norte-americano.