O governo paulista confirmou hoje a implosão de três dos sete pavilhões da Casa de Detenção do Complexo do Caradiru no próximo domingo (8), às 11 horas. Serão usados no processo – que vai durar cerca de sete segundos ao todo, a partir da detonação inicial – 250 quilos de explosivos, espalhados em três mil pontos de perfuração, com maior concentração em três pilares de cada um dos três pavilhões a serem implodidos: 9, 8 e 6, nessa ordem.

Segundo o engenheiro responsável, que coordena o trabalho de implosão, Manoel Jorge Dias, a atividade oferece um risco inerente à própria tarefa. “Mas como existe todo um aparato da Defesa Civil e de outros 16 órgãos envolvidos, podemos trabalhar com bastante tranquilidade.” Dias integrou a equipe do falecido Hugo Takahashi, especialista em implosões, conhecido como o “japonês das implosões”, e tem mais de 60 trabalhos realizados.

O explosivo usado, segundo Dias, é uma dinamite especial gelatinosa e, um único acionamento, que será feito pelo governador Geraldo Alckmin, dará início a série de três mil detonações, separadas por milésimos de segundos uma da outra. O entulho, ao final dos sete segundos de explosões, será de cerca de 80 mil toneladas e terá como destino ser usado na construção do Parque da Juventude, que será erguido nessa área do Complexo do Carandiru. Cerca de 40 profissionais trabalharão na implosão.

A colocação das dinamites será iniciada amanhã (7) e ocorrerá ao longo de todo o dia. Também amanhã, está prevista a realização de uma simulação da implosão. Em função da distribuição dos explosivos, Dias acredita que o impacto níveis de vibração e deslocamento de ar nas imediações e também na linha de Metrô -, será menor do que o recomendado, mas ele lembra que técnicos da USP e do IPT estão fazendo a monitoração de todo o processo.

Segundo o coordenador da Defesa Civil do Estado, secretário chefe da Casa Militar, coronel Roberto Allegretti, já está sendo divulgado nas estações de Metrô o esquema de desvio e interdição do trânsito e das linhas de Metrô, com mapas e horários, que será adotado no dia da implosão. A área de segurança será o quadrilátero formado pelas Rua Antonio dos Santos Neto, Avenidas Cruzeiro do Sul e General Ataliba Leonel e área interna do Complexo.

O trânsito será bloqueado e interditado nessa área delimitada das 7 horas às 13 horas de domingo. Ainda serão retirados 131 moradores da Rua Antônio dos Santos Neto, o que deve ocorrer as 9 horas, previsão do início da retirada. O efetivo que será empregado é de 797 pessoas, sendo que 300 são voluntários da Defesa Civil. Serão colocadas 48 viaturas de serviço à disposição, para emergências, além de duas ambulâncias e uma unidade de resgate, para atendimento médico ao público. Serão colocados cinco sismógrafos para acompanhar e medir o impacto da implosão.

Allegretti disse ainda que não haverá interrupção no fornecimento de energia elétrica na região. Em relação ao Metrô, haverá a proibição de permanência de usuários na plataforma da Estação Carandiru, que ficará interditada por 10 minutos. Os trens também ficarão parados nas estações de Santana (sentido norte-sul) e Tietê (sul-norte). A checagem para a liberação da implosão será feita por rádio, ligando Defesa Civil, técnicos do Metrô e o engenheiro Dias, que avisará todos os órgãos envolvidos.

O custo da implosão (mais demolição) é de R$ 3.149 milhões. No local do Casa de Detenção – parte desativada do Carandiru -, será erguido o Parque da Juventude, com áreas esportiva, de contemplação e educacional. O Complexo continua a abrigar a Penitenciária Feminina, a Penitenciária do Estado e o Centro de Observação Criminológica (COC).

Segundo Alckmin, além do estado de deterioração dos pavilhões 6, 8 e 9, o que definiu a escolha desses três pédios que serão implodidos foi a localização espacial dos mesmos. Os quatro pavilhões remanescentes serão reformados e darão lugar a centros de educação. Um deles abrigará um centro cultural, com curso gratuitos de música, teatro e dança para 3,5 mil jovens.

O segundo pavilhão remanescente será usado para escolas técnicas do Centro Paula Souza e Fatecs, com previsão de 5,5 mil vagas.

O terceiro pavilhão será utilizado como pólo tecnólogico  com o objetivo de aproximar a população da rede digital, levando à ela o conhecimento da internet. O quarto pavilhão será um centro para ampliar as parceiras entre o governo estadual e o terceiro setor, com o objetivo de manter um contato permanente com as ONGs e a sociedade civil organizada.

A primeira etapa da transformação é a parte esportiva que, segundo previsão do governo paulista, será entregue à população até setembro de 2003. São 300 mil metros quadrados de área, com dez quadras esportivas, pistas para prática de skate e de cooper, além de áreas para rapel e caminhadas. Também até setembro do próximo ano, está prevista a entrega da Segunda etapa do Parque da Juventude, que é chamada de contemplativa, uma área central com 5,5 hectares de Mata Atlântica preservada. Há previsão de ser construída no local uma concha acústica.

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