O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, disse hoje, em Curitiba, que "o governo não precisa de CPI (comissão parlamentar de inquérito)". "O governo manda auditoria verificar, manda a Polícia Federal (PF) investigar, os fatos que aparecem são comunicados ao Ministério Público (MP) e, eventualmente, à Justiça", justificou. "A CPI é um instrumento legítimo que, principalmente, a oposição gosta. Quando estava na oposição, confesso que gostava mais de CPI do que agora."
Segundo Bernardo, as denúncias que surgiram nos últimos dias são graves e precisam ser esclarecidas. "Uma parte das explicações está sendo dada pelo governo, que tomou providências duras", acentuou. A outra é discutida no Congresso. "O debate é acirrado porque ninguém é ingênuo a ponto de achar que a oposição quer só esclarecer os fatos; querem desgastar o governo querem aumentar a crise, querem ter possibilidade eleitoral." Mas esclareceu: "Tudo, absolutamente, dentro do jogo democrático."
Para ele, a administração federal deu respostas às acusações, ao mandar investigar e até demitir alguns indicados para órgãos federais. "Não podemos ficar apostando que uma CPI, com todas as vaidades e as disputas políticas envolvidas, vai resolver e esclarecer", afirmou. "Temos de falar as coisas, francamente, porque a população percebe essas coisas. Não temos interesse em acobertar nada, em jogar para debaixo do tapete. Vamos esclarecer tudo." Bernardo disse que a permanência do chefe da Casa Civil, José Dirceu, no cargo é algo que compete, exclusivamente, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Para ser bem sincero, eu ouço essas informações mais através da mídia do que dentro do governo", afirmou.
"Temos feito reuniões ministeriais e o ministro Zé Dirceu tem participado de praticamente todas, fizemos reuniões com o presidente e nunca houve nenhuma menção sobre isso." O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão disse não acreditar que a crise política afete de alguma forma o desempenho da economia. Bernardo citou que o índice de preços no atacado caiu em maio e que o de inflação foi menor que o esperado, o que abriria possibilidades para que o Banco Central (BC) baixe os juros. "A crise política não terá nenhum efeito sobre a economia. Pelo contrário. Vamos começar a acelerar, novamente, a economia, que desacelerou no princípio do ano", disse.
O ministro do Planejamento e Orçamento declarou esperar, principalmente, que o presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), esclareça as denúncias amanhã (14), no depoimento ao Conselho de Ética da e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados.
"Há expectativa de que ele aponte, se não as provas, pelo menos os indícios. Que diga: ‘Esse e aquele recebiam mensalão’ porque, senão, fica um negócio esquisito", acentuou. "Ele disse que deputados do PP e do PL recebiam o ‘mensalão’. São cem deputados. Tem de dizer pelo menos um." Bernardo negou que tivesse participado de uma comissão do Poder Executivo que tentaria demover Jefferson de fazer novas acusações.
"Se a área política do governo tivesse pedido para que fosse conversar com o Roberto Jefferson ou com qualquer deputado eu teria ido falar ou tentado pelo menos, mas isso não foi pedido", garantiu. Segundo o ministro do Planejamento, se o presidente nacional do PTB falou isso, "ou ele se enganou ou até mentiu".