O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, disse que o governo não comenta a declaração divulgada hoje pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que sugeriu a renúncia do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, por considerar contrária ao crescimento da economia a decisão de ontem do Copom (Comitê de Política Monetária) de reduzir a taxa básica de juros em apenas 0,25 ponto porcentual. "Essa é uma opinião do José Dirceu. No governo, não há nenhum comentário sobre isso", afirmou o ministro Genro
Na avaliação do ministro, a decisão do governo de anunciar as medidas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da economia antes da reunião de ontem do Copom não foi precipitada: "Seria equivocado anunciar o conteúdo do PAC depois da decisão do BC. Acho que o PAC foi levado em conta pelo Banco Central", declarou Genro
O ministro afirmou também que o Palácio do Planalto não precisa das reformas política e tributária para manter a governabilidade. Ele informou, no entanto, que após a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado o governo enviará ao Congresso as propostas de reforma elaboradas pela Ordem dos Advogados do Brasil, pelo Conselho Econômico e Social e pelo Ministério da Justiça. "O governo não pretende protagonizá-las, ser um coordenador desse processo", afirmou
Em entrevista no Planalto, ele explicou que, embora "o governo Lula não precise das reformas", o Executivo considera uma "obrigação moral, política e institucional" defendê-las. Nos últimos meses, o Conselho Econômico e Social, que encaminha sugestões ao presidente, fez diversas reuniões para discutir a proposta de reforma nas áreas política e tributária. "O presidente Lula entende que a reforma política e a tributária são importantes para o país, por isso quer realizá-las", ressaltou. O temor do governo é que o empenho na defesa das propostas de reforma não seja bem recebida pela opinião pública e pelo Congresso. "Temos uma obrigação de realizar as reformas, mas isso não pode parecer uma chantagem em relação ao Congresso.