O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse hoje que o governo não deve adiar para o próximo ano a decisão sobre o padrão de TV digital a ser adotado pelo País, como foi proposto segunda-feira pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil. "A posição do ministro Gilberto Gil é uma posição pessoal, não é uma posição do governo", disse Costa. "O governo não fez qualquer manifestação nesse sentido".
Segundo o ministro, o governo continua trabalhando com a proposta de ter uma decisão o mais rapidamente possível. "Eu não gosto muito dessa teoria, meio Brasil do passado, que deixa as coisas para depois do Natal, depois do carnaval, depois da Semana Santa, depois da Copa do Mundo… E aí não acontece nada" afirmou Costa.
Quando Gilberto Gil sugeriu que a decisão fosse adiada, ele argumentou que seria para evitar pressões eleitorais, já que este é um ano de eleição. Hélio Costa, por sua vez, nega que esse tipo de pressão esteja influenciando o processo de escolha. Ele disse que, pelo menos na presença dele, o ministro da Cultura nunca chegou a apresentar essa proposta de adiamento, em reuniões no Palácio do Planalto.
Costa esclareceu que os sucessivos adiamentos na data da escolha do padrão de TV digital se devem a acertos em documentos ou à necessidade de dar prosseguimento às negociações em torno do assunto. "As prorrogações nunca foram em vão; sempre responderam a uma necessidade estratégica", afirmou.
Para tomar sua decisão, o governo está aguardando a vinda de uma delegação do governo do Japão ao Brasil para assinar o detalhamento do acordo de implantação da TV digital no País, o que deverá selar a escolha do padrão japonês pelo Brasil.
Segundo uma fonte do governo, dois ministros japoneses – os da Economia, Negócios e Indústria, Toshihiro Nikai, e do Interior e Comunicação, Heizo Takenaka – virão por volta do dia 20 ao Brasil. Eles serão precedidos, provavelmente na próxima semana, por técnicos do governo japonês.
Após a assinatura do acordo com os japoneses, por volta do dia 20, o governo editará um decreto com as regras de transição do sistema analógico, hoje em uso no Brasil, para o digital.
O governo brasileiro pretende detalhar com os japoneses o memorando assinado em Tóquio, em abril deste ano, para definir como será a transferência de tecnologia e como se darão os investimentos do Banco Japonês nas inovações dos parques industrial e tecnológico brasileiro.
O governo espera, também, que os japoneses avancem na proposta de estudar a viabilidade de instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil.
