As Secretarias de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e da Agricultura começam esta semana, em várias regiões do Paraná, uma grande discussão sobre o uso de biocombustíveis como alternativa para a sobrevivência do planeta.
As palestras serão dadas pelo físico Bautista Vidal, o ?pai? do Proálcool no Brasil, que esteve recentemente em Curitiba para uma reunião com todos os órgãos de governo envolvidos com a pesquisa científica e a produção do biodiesel. ?Serei um animador desta grande iniciativa?, disse o físico. ?O Brasil precisa levantar a cabeça e resolver de uma vez esse problema, esta é a única saída para o evitar um colapso mundial?, destacou.
Segundo Vidal, o Brasil tem todas as condições ? tecnologia, inclusive ? para apresentar à nação um programa competente de produção de biocombustível. O cientista criticou os dirigentes do país ?que há anos vêm adotando uma postura colonial? em torno deste assunto.
?Eles precisam tomar decisões urgentes e também se preparar para este embate pois a briga será grande?.O Japão e a China estão entre os países que vêm, conforme Vidal, pressionando o governo brasileiro para que este faça decolar o programa. ?A época do petróleo acabou e o mundo caminha numa direção muito perigosa?. O Japão, por exemplo, disse ainda Vidal, ?vira sucata em seis meses se não fizer uma opção por novas fontes de energia?.
O objetivo do ciclo de palestras, segundo o secretário Rizzi, é contribuir para a formação de ?Núcleos de Biocombustível? a partir da mobilização de prefeituras, câmaras de vereadores, entidades ligadas à agricultura, indústria e comércio, sindicatos rurais e comunidade acadêmica.
Iniciativas
Rizzi informou ainda que o Governo do Estado está investindo R$ 2,0 milhões na instalação de uma planta semi-industrial para produção do biodiesel e na pesquisa de matéria-prima. Os recursos são do Fundo Paraná, gerido pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que, neste projeto, atua em cooperação com a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.
Enquanto os técnicos da SEAB estudam as melhores matérias-primas para as usinas, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), por meio da sua Divisão de Biocombustíveis e do Centro Brasileiro de Referência em Biocombustíveis (Cerbio) desenvolve a tecnologia necessária para produzir o combustível.
Atualmente, os técnicos do Cerbio estão tratando da unidade a ser instalada no campus do Tecpar, na Cidade Industrial de Curitiba. Já foram definidas: a ?rota tecnológica? (transesterificação etílica), a capacidade de produção (500 a 1000 litros/dia), os primeiros óleos vegetais a serem testados (soja, girassol, algodão e nabo forrageiro), entre outras características.
A planta industrial deverá ter capacidade de processar diversos tipos de óleos puros ? inclusive mamona – e óleos residuais e será monitorada de modo a gerar o maior número possível de informações a respeito das variáveis do processo. Com isto, pretende-se um conhecimento e domínio efetivo de todos os processos de obtenção do biodiesel.