O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Edílson Guimarães, afirmou que não vai faltar apoio para o custeio e a comercialização da próxima safra de trigo. Além da proposta de manutenção do preço mínimo e garantia de recursos para plantio e venda do produto, o governo quer incluir o trigo no Programa de Subvenção ao Seguro Rural.
Na safra 2004/2005, foram apoiadas 1,35 milhão de toneladas de trigo, de um total de 5,8 milhões colhidas do grão, conforme destacou o secretário. Em 2005/2006, o governo atuou para sustentar um volume de 1,36 milhão de toneladas de trigo, ou o equivalente a 28% da safra. A produção da safra 2006/2007, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de 2,2 milhões de toneladas.
Guimarães participou esta semana de audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados. Além do cenário para a próxima safra, também foram discutidos os problemas enfrentados por produtores e indústrias brasileiras em conseqüência do subsídio ao trigo argentino e do diferencial de alíquotas do imposto de exportação. Uma rodada de negociação entre os setores privados dos dois países está marcada para a semana que vem, em Buenos Aires.
O secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa, Célio Porto, também participou da audiência. Ele afirmou que, por conta dos preços subsidiados da Argentina, o Brasil deve aumentar as importações de farinha de trigo neste ano. Ele explicou que, devido ao subsídio, o moinho argentino compra a tonelada do trigo por US$ 120. Já o moinho brasileiro que importa da Argentina paga pelo mesmo trigo US$ 190. Essa situação aumenta a competitividade das indústrias do país vizinho.
Outro problema é a questão tributária. O trigo em grão que sai da Argentina é tributado em 20% e a farinha em 10%, o que equivale a um subsídio de 10% para o produto final. Com isso, o Brasil tem importado mais farinha, com sérios prejuízos para os moinhos nacionais.
Preço mínimo será mantido para a próxima safra
Brasília (AE) – O Ministério da Agricultura vai sugerir ao governo a manutenção dos preços mínimos para o trigo na próxima safra. Os preços atuais são R$ 400 a tonelada para os estados do Sul e de R$ 450 a t para os demais. Essa proposta deverá ser avaliada na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), dia 29.
A informação foi dada ao setor de trigo por Edilson Guimarães, secretário de Política Agrícola do ministério, durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados. De acordo com Guimarães, mesmo com a manutenção do preço mínimo, os produtores serão beneficiados porque, alega, os custos de produção serão menores na próxima safra.
A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) fez estudo sobre o assunto e pediu um reajuste de 17,6% no preço mínimo do trigo, alegando que o valor está congelado desde 2003. Os produtores também pediram garantia de recursos para aquisição de 40% da safra deste ano, por meio de instrumentos de apoio, como contrato de opção, Aquisição do Governo Federal (AGF) e Prêmio de Escoamento de Produto (PEP).
Além disso, o setor produtivo pede a redução de juros para financiamento, dos atuais 8,75% para 6%, e a liberação de R$ 1,2 bilhão para o custeio da safra que começa a ser plantada neste mês.
Durante a audiência pública, produtores e representantes dos moinhos fizeram duras críticas ao governo argentino por causa da intervenção no mercado do trigo tomadas desde 2002, como a diferenciação na tributação do trigo em grão e da farinha de trigo para a exportação e a recente limitação nas exportações do grão, enquanto as vendas de farinha estão liberadas.
O governo argentino também adotou este ano uma política de subsídios ao trigo para evitar a alta dos preços dos derivados do cereal no mercado interno e o conseqüente impacto na inflação. ?A Argentina mais uma vez nos passou a perna?, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo. ?Ou a Argentina retira o subsídio ou o Brasil adota uma medida compensatória na entrada do produto no Brasil?, disse Hosken. O Brasil importa mais de 70% do trigo utilizado na elaboração da farinha nacional e mais de 95% do total é da Argentina.