O governo federal descartou hoje (17) a possibilidade de adotar o padrão norte-americano de TV digital no País, informaram técnicos. O páreo agora fica entre os padrões europeu e japonês. As conclusões de estudos técnicos coordenados pela Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) para a escolha do padrão da TV brasileira foram apresentados a representantes de dez ministérios, em reunião no Palácio do Planalto.
A expectativa é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncie amanhã a abertura das negociações com europeus e japoneses para escolher a tecnologia a ser usada no País, após reunião sobre o tema da qual participarão os ministros das Comunicações, Hélio Costa; da Casa Civil, Dilma Rousseff; da Fazenda, Antonio Palocci; e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Essa negociação levará em conta os ganhos comerciais e tecnológicos que o Brasil poderá ter em troca da adoção de um ou outro padrão.
"Queremos saber onde o Brasil ganha mais", afirmou Hélio Costa. Interessa, por exemplo, a venda de sistemas já desenvolvidos no Brasil, como a caixinha que faz a conversão dos sinais digitais em analógicos, o que permitirá que o telespectador continue usando o televisor que possui em casa.
Segundo técnicos, os japoneses levam vantagem nessas negociações porque apenas duas empresas naquele país são donas da tecnologia de TV digital. Já na Europa a negociação terá de ser feita com várias companhias. O sistema europeu tem vantagem, porém, pelo fato de já estar sendo negociado em outros países, como a Índia. No final do ano passado Hélio Costa deixou escapar que prefere o padrão japonês.
O sistema americano foi descartado, segundo as fontes, porque não dá condições para que o sinal de TV seja recebido por aparelhos em movimento, o que tecnicamente é chamado "mobilidade de recepção de sinais". Esse é um critério exigido pelo Brasil na escolha de sua tecnologia.
Além disso, o País tem desenvolvido aplicativos que podem ser utilizados na TV digital, como programas de computador que permitem a interatividade do telespectador com a emissora, por exemplo para compra de produtos na internet, que estará ligada à televisão. Tanto o sistema europeu quanto o japonês apresentaram condições técnicas para absorver esses aplicativos.
Costa recebe amanhã representantes das emissoras de TV que, segundo ele, são uma parte importante no processo decisório. A transição do atual modelo analógico para o digital se dará, segundo Costa, no prazo de 15 anos. A previsão é de que em cinco anos, as emissoras façam a troca dos seus equipamentos.