Brasília (AE) – Embora seja responsável por metade das exportações brasileiras de carne bovina, Mato Grosso do Sul não recebeu este ano nenhum centavo sequer das verbas federais para ações de defesa sanitária. A informação foi dada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel. O Estado deveria receber R$ 3,5 milhões para ações sanitárias este ano. No Ministério da Agricultura e na bancada ruralista, não há dúvida: o responsável pela falta de verbas para o setor é o Ministério da Fazenda.
A defesa sanitária em todo o País deveria receber uma verba total de R$ 167 milhões este ano, conforme o orçamento aprovado pelo Congresso Nacional. No entanto, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, conseguiu garantir apenas R$ 90 8 milhões este ano, dos quais R$ 55 milhões serão gastos especificamente em defesa animal. Se dependesse apenas da vontade da área econômica, as verbas para defesa animal teriam sido cortadas para R$ 37 milhões, sob pretexto de adequar o tamanho das despesas do governo federal à sua arrecadação.
Maciel disse que a falta de verbas é uma das causas do surgimento do foco de aftosa em Mato Grosso do Sul. Ele tomou o cuidado de afirmar que essa não seria a causa principal, até porque a fazenda onde a aftosa foi detectada tinha certificados de vacinação. "Mas é uma das causas", afirmou.
Parlamentares da bancada ruralista, porém, não hesitaram em apontar a contenção de verbas como causa principal do ressurgimento da doença no País. "É inimaginável o quanto isso poderá destruir o rebanho que construímos geneticamente no País" disse o presidente da Comissão de Agricultura na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (PFL-TO). O deputado salientou que têm sido rotineiras as críticas à falta de verbas para o controle sanitário. "Isso tem sido uma rotina. O que nós precisamos é que o orçamento do Ministério da Agricultura seja cumprido", afirmou.
Na semana passada, o ministro se declarou "frustrado" pelas dificuldades que vinha enfrentando dentro do próprio governo para implementar a política agrícola. Mesmo reconhecendo que "o cobertor é curto", ele reclamou da falta de verbas e se disse cansado dos embates que vinha tendo com a área econômica do governo.